Desemprego fica abaixo da barreira dos 12% pela primeira vez desde 2010

Dados provisórios do INE mostram que a redução do desemprego em Dezembro não se traduziu num aumento do emprego.

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Desemprego diminuiu, mas sem aumento da população empregada. Fernando Veludo/NFACTOS

A taxa de desemprego caiu para 11,8% em Dezembro do ano passado, ficando abaixo da barreira dos 12%, algo que não acontecia desde Abril de 2010. As estimativas provisórias divulgadas nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) dão conta de uma diminuição de 0,4 pontos percentuais face aos dados finais de Novembro e de 1,8 pontos em comparação com Dezembro de 2014.

A última vez que a taxa de desemprego mensal esteve abaixo dos 12% foi em Abril de 2010 (11,9%). Daí em diante, o desemprego esteve sempre a crescer, até atingir o nível mais elevado alguma vez registado em Portugal em Janeiro de 2013 (17,5%). Depois disso, a taxa começou a descer lentamente.

O INE aponta para a existência de 604 mil pessoas desempregadas, menos 22.800 do que em Novembro (uma redução de 3,6%). É preciso recuar a Agosto de 2013 para encontrar uma redução mensal maior do que a registada agora. Nessa altura, o número de desempregados tinha diminuído um pouco mais de 37 mil face a Julho.

O desemprego entre os jovens também recuou, afectando 31% da população activa entre os 15 e os 24 anos, ou seja, quase 112 mil pessoas nesta faixa etária. Em Novembro a taxa de desemprego jovem tinha sido de 32,1% e em Dezembro de 2014 de 33,9%.

Emprego estagnou
A redução da taxa de desemprego e do número de pessoas desempregadas não se traduziu num aumento do emprego em Dezembro. Pelo contrário, a população empregada praticamente estagnou e entre Novembro e Dezembro registou um acréscimo de apenas 900 pessoas.

Assim, das 22.800 pessoas que deixaram o desemprego, só 900 voltaram a entrar no mercado de trabalho. As outras terão desistido de procurar emprego e integrado a população inactiva ou terão saído do país.

Será preciso esperar pelos dados trimestrais do mercado de trabalho, que serão divulgados pelo INE na próxima semana, para perceber as dinâmicas entre emprego, desemprego e inactividade. 

A estimativa provisória do INE aponta para 4501 milhões de pessoas empregadas em Dezembro. A taxa de emprego dos homens (61,8%) excedeu a das mulheres (53,8%) em oito pontos percentuais, com a primeira a aumentar 0,2 pontos percentuais e a segunda a diminuir 0,2 pontos percentuais face ao mês anterior. A taxa de emprego dos adultos situa-se agora em 63,4% e a dos jovens em 22,6%.

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Nestas estimativas, e ao contrário do que acontece com as estatísticas trimestrais, o INE considera a população dos 15 aos 74 anos e os valores foram previamente ajustados dos efeitos das actividades sazonais no mercado de trabalho. Se não for tida em conta a sazonalidade, a taxa de desemprego em Dezembro foi ligeiramente superior, afectando 12,1% da população activa (menos 0,3 pontos percentuais do que em Novembro e menos 1,8 pontos do que no mês homólogo).

No destaque publicado nesta segunda-feira, o INE divulgou os dados definitivos do emprego e do desemprego em Novembro. Assim, a taxa de desemprego fixou-se em 12,2% (em vez dos 12,4% previstos inicialmente, uma revisão de 0,2 pontos percentuais) e a população empregada era de 4500 milhões (em vez de 4487 milhões, como apontava a estimativa divulgada em Dezembro).

O INE começou a divulgar dados mensais sobre o mercado de trabalho em Novembro de 2014, mas apresentou em simultâneo uma série de dados desde 1998 para se poderem estabelecer comparações. Na altura, o instituto explicou a metodologia seguida e avisou que os dados estariam sujeitos a revisões. Por isso, os dados agora divulgados para o mês de Dezembro são ainda provisórios e só em Fevereiro estarão disponíveis as estatísticas definitivas.

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