Comissão Europeia afunda optimismo do Governo espanhol

A Comissão Europeia (CE) prevê uma recessão três vezes superior da economia espanhola à que foi anunciada pelo Governo de Mariano Rajoy. Os indicadores, que serão publicados oficialmente na quarta-feira, são antecipados esta terça-feira pelo diário espanhol El País e contrariam o optimismo do executivo espanhol.

Nas previsões do Orçamento de Estado para 2013, Madrid antecipa uma contracção do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,5%, um forte contraste com as previsões da CE que, afirma o El País, prevê uma queda de 1,5% da economia no próximo ano.

O banco espanhol BBVA divulgou, também esta terça-feira, valores semelhantes para a evolução do PIB espanhol para 2013, reduzindo em apenas um ponto percentual (para 1,4%) a previsão da CE para a recessão em Espanha.

Em relação ao défice orçamental é ainda maior o contraste entre as previsões nacionais e as dos responsáveis europeus. A Comissão Europeia diz que o défice orçamental será de 7% este ano (já contando com a recapitalização do sector bancário, caso contrário seria de 8%), de 6% em 2013, e de 5,8% em 2014.

O Governo de Espanha, por outro lado, lança as contas do défice para 7,3% em 2012, 4,5% em 2013, e 2,8% em 2014 – abaixo das exigências europeias que colocam um tecto máximo nos três pontos percentuais do PIB.

As previsões, tanto sobre a contracção do PIB como sobre o défice orçamental espanhol, são ainda mais graves do que os números avançados pelo FMI em Outubro. A instituição reportou então que a economia espanhola produziria menos 1,3% no próximo ano, e que o défice orçamental não seria inferior a 5,9%.

Mariano Rajoy optimista

Apesar das divergências do Governo espanhol e da Comissão Europeia nas contas da evolução do PIB e do défice orçamental, ambos apontam o início da retoma económica em Espanha para 2014.

Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, anunciou esta terça-feira à espanhola Rádio Cope que espera um crescimento económico já no final de 2013 e antecipou ainda uma menor redução de postos de trabalho este ano do que inicialmente estava previsto.

De facto, neste ponto, tanto as previsões do Governo espanhol como as contas da CE coincidem. Os responsáveis europeus afirmam que haverá em 2014 um lento crescimento na evolução da economia espanhola, que deverá rondar os 0,5% do PIB.

As antevisões europeias sobre a consolidação orçamental espanhola não consideram a totalidade dos valores do aumento do IVA espanhol ou a eliminação de um subsídio aos trabalhadores. A Comissão Europeia entende que não é possível antecipar os seus efeitos, apesar destas medidas já terem sido implementadas.

Ao mesmo tempo, não espera nenhum impacto considerável para a economia espanhola. Diz a CE que, tal como se verifica agora em Portugal, os cortes do Estado nos vencimentos devem reproduzir-se negativamente na procura interna, o que, por sua vez, deve levar a uma descida na receita fiscal do país, apesar do aumento do IVA.

Um outro peso que pode arrastar os benefícios orçamentais que poderiam advir dos cortes nos salários e aumento da carga fiscal sobre o consumo é o crescente peso dos juros da dívida do Estado espanhol, afirma o documento da CE.

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