Comércio espera pelo Natal para segurar quebra de vendas

É a época “de todas as expectativas”. Cerca de 40% dos brinquedos são vendidos na campanha mais importante do ano para o sector.

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Promoções vão continuar a alimentar as vendas no comércio Enric Vives Rubio

O sector do comércio espera conseguir segurar as quebras de vendas este Natal com a ajuda das promoções e, mesmo com a contracção de consumo que, ao longo do ano, tem trazido dificuldades aos empresários, aguarda por sinais positivos nas contas deste mês. A época natalícia é uma das mais importantes do ano para os comerciantes. No caso dos brinquedos, vale cerca de 40% do negócio.

Fonte oficial da Toys R Us adianta que o Natal pesa 56% na facturação, percentagem que nos últimos anos se tem mantido estável. Para o El Corte Inglés, a campanha também tem um “peso muito relevante nas vendas globais de retalho”. E, apesar da conjuntura, os armazéns de origem espanhola acreditar que será possível manter o nível de receitas. “Esperamos manter o nível de vendas de anos anteriores ou até mesmo superar ligeiramente”, afirmou a empresa.

Por seu lado, fonte dos hipermercados Continente (da Sonae, dona do PÚBLICO), adianta que “face à situação económica actual é natural que se verifique um abrandamento das vendas, em especial no mercado dos brinquedos”. Apesar das previsões, as promoções e campanhas de desconto podem ajudar a estimular o negócio. “É expectável que no final da campanha se consiga ficar em linha com os valores do ano anterior, face às campanhas promocionais deste Natal”, continua a mesma fonte.

Desde finais de Outubro que as lojas começaram a vender produtos para o Natal, com promoções a marcarem o arranque da temporada. Ana Isabel Trigo de Morais, directora-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), adianta que, a uma semana do Natal, as expectativas são “moderadas”.

No ano passado, Ana Isabel Trigo de Morais avançava ao PÚBLICO que o Natal de 2012 seria do das “grandes incertezas”. Este ano, afirma, será o das “grandes expectativas”. Este período “é o rei das vendas de todo o comércio e a expectativa dos retalhistas é conseguir segurar a quebra que tem vindo a acumular-se nos últimos dois a três anos”, disse. No terceiro trimestre verificou-se um” aumento de vendas - 0,3% no negócio alimentar – mas a prova dos nove será dada com o comportamento dos portugueses à medida que Dezembro avança. “A nossa expectativa é que o Natal corra melhor do que o de 2012”, resume.

A “fortíssima actividade promocional” vai continuar a existir como “motor fundamental para gerar vendas e ajustar as propostas de valor ao consumidor”.  “Não temos sinal de que haja qualquer alteração do poder de compra das famílias. Melhorou ligeiramente o clima de confiança das famílias mas as vendas em actividade promocional continuam a ser essenciais”, analisa.

No comércio tradicional há contenção nas previsões. Ana Vieira, secretária-geral da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), adianta que, para já, o cenário “poderá não ser tão negativo como o do ano passado”. Os tempos em que o Natal era suficiente para aguentar as contas dos comerciantes vão longe, mas a melhoria da confiança dos consumidores registada nos últimos meses  - e que levou até o Banco de Portugal a prever um crescimento do consumo privado em 2014 -  pode traduzir-se em mais vendas, continua.

Por seu lado, Carla Salsinha, presidente da direcção da União das Associações de Comércio e Serviços (UACS) diz que as empresas do pequeno comércio vão tentar, nesta altura, “equilibrar as finanças”. Mas estão preparadas para continuar vender menos nos próximos seis meses. Em 2014, as medidas de austeridade mantêm-se, nomeadamente, a carga fiscal com valores record em sede de IRS e os aumentos no IVA. Prevêem-se cortes nas pensões e nos salários da função pública.

O estudo anual que a consultora Deloitte elabora sobre as previsões de gastos mostra que, este ano, Portugal está entre os três países da Europa Ocidental com o menor orçamento: 393 euros, menos 2,3% face ao valor real do ano passado. Em 2007, o montante indicado pelos inquiridos foi de 596 euros.

A maior fatia será gasta com as prendas. Segue-se a comida e os jantares e eventos sociais. Na lista de compra dos portugueses estão, em primeiro lugar, os livros. Segue-se a roupa e os chocolates: 33% dos portugueses vai dar doces à família e amigos.

Os dados mais recentes da SIBS, relativos ao período entre 25 de Novembro e 8 de Dezembro, mostram que os portugueses levantaram mais de mil milhões de euros nas caixas Multibanco (ATM), uma subida de 2,1%em relação ao período homólogo de 2012.

O ano passado, entre 1 e 31 de Dezembro, o montante total de dinheiro retirado das ATM e o número de compras e serviço pagos com cartão caiu 267 milhões de euros (5%) face ao período homólogo de 2011, para 5,4 mil milhões de euros. O número de compras desceu 8,5% e o montante derrapou 6,8%, para 2,9 mil milhões de euros.

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