Com a ajuda do filme, Lego tem o melhor ano de sempre

Lucro cresceu 15%. Empresa aposta no crescimento da classe média global.

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Os mercados asiáticos estão na mira da Lego Kazuhiro NOGI/Reuters

Os resultados financeiros da Lego não são brincadeira. O lucro da multinacional dinamarquesa disparou 15% ao longo de 2014, naquele que foi o melhor ano de sempre para a empresa, fundada em 1932. Para o bom desempenho, contribuiu o sucesso do filme de animação estreado há um ano e dos modelos de Lego associados.

“Este é outro ano de recordes para a Lego, o melhor de sempre para o grupo Lego”, disse o presidente executivo, Jørgen Vig Knudstorp, citado pela agência Bloomberg. 

Numa conferência para jornalistas, onde chegou a fazer uns passes de dança ao som da banda sonora do filme, Knudstorp, que assumiu o cargo em 2004, quando a empresa estava em dificuldades, explicou que o plano passa agora por uma aposta nos mercados emergentes. A empresa está a construiu uma fábrica na China, que começará a funcionar este ano e deverá atingir a velocidade de cruzeiro em 2017. A fábrica produzirá tanto para os mercados do sudeste asiático, como para o resto do mundo. Foram também abertos escritórios no Brasil, Turquia e Malásia.

“Estou confiante que podemos continuar a crescer, porque a classe média global está a crescer”, afirmou o executivo à Bloomberg, embora reconhecendo que é possível um abrandamento das vendas. “Podemos continuar com taxas de crescimento muito saudáveis, mas somos uma empresa que só cresce organicamente. Nunca fazemos aquisições, porque queremos permanecer fiéis às peças de Lego." O gestor também afastou a hipótese de uma entrada em bolsa e disse que a empresa continuará nas mãos da família fundadora.

As receitas da Lego cresceram 13%, para 28,6 mil milhões de coroas dinamarquesas, cerca de 3,8 mil milhões de euros. O lucro subiu 15%, para 9400 milhões de euros, e a margem operacional ao longo de 2014 foi de 33,9%, uma melhoria ligeira de 0,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior. A empresa disse ter tido um aumento de vendas de dois dígitos em todos os mercados. “Todas as regiões do grupo Lego tiveram um crescimento de dois dígitos, enquanto o mercado de brinquedos tradicionais na maioria dos países cresceu a taxas baixas de um dígito”, refere o comunicado de apresentação de resultados. 

Para estes os resultados, foi importante o impulso dado por um novo produto. O Filme Lego, uma comédia de animação recheada de super-heróis conhecidos e de estrelas de cinema a fazerem as vozes das personagens, foi um sucesso de bilheteira, com receitas mundiais em torno dos 413 milhões de euros, mais de metade das quais obtidas nos EUA. A popularidade do filme (que tem associada uma linha específica de legos) ajudou às vendas das peças e bonecos pelos quais a marca é conhecida. Para os próximos anos, estão na calha mais três títulos, dando continuidade à parceria estabelecida com os estúdios da Warner.

Numa era de diversão digital, em que muitas crianças brincam em tablets e smartphones, a Lego tem-se associado a marcas conhecidas e apostado também em aplicações, videojogos e vários sites para complementar as peças tradicionais. Uma das linhas que mais vendeu, informou a empresa, foi a Lego Star Wars, a par da linha Lego City e da Lego Friends, esta dirigida a um público feminino.

Os resultados surgem pouco depois de uma das grandes rivais no mercado dos brinquedos, a Mattel (dona da Barbie), ter apresentado resultados decepcionantes para o último trimestre do ano, no qual os resultados caíram 60% face ao mesmo período do ano anterior. Na sequência do fraco desempenho, o presidente executivo, Bryan Stockton, abandonou o cargo e a multinacional, que no ano passado perdeu para a Lego o título de maior fabricante mundial de brinquedos, está agora à procura de um substituto.

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