Cinco maiores da distribuição dominam metade do mercado

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Formato de hipermercado é dominado pelo Continente Enric Vives-Rubio/ arquivo

O retalho alimentar está nas mãos de cinco empresas que dominam 51 por cento do mercado. Há cinco anos a quota era de 42 por cento.

Apesar da concentração, uma análise do Barclays Capital (BarCap), ontem divulgada, refere que ainda há espaço para novos operadores.

Sonae, Jerónimo Martins, grupo Os Mosqueteiros, Auchan e Schwarz Group (Lidl) lideram num sector onde ainda resistem muitos pequenos comerciantes. De acordo com o relatório, Portugal tem a maior proporção de pequenos retalhistas da Europa (80 por cento do comércio alimentar pertence a esta categoria), mas o seu peso no total das vendas é de apenas seis por cento.

No documento que dedica 14 páginas ao caso português é dito que o formato de hipermercado está a chegar a um ponto de saturação, dominado pelo Continente, insígnia da Sonae, já com 44 por cento de quota nas vendas.

A reconversão dos hipers Feira Nova, da Jerónimo Martins, em supermercados Pingo Doce impulsionou este segmento: entre 2004 e 2009 as vendas aumentaram 61,5 por cento, comparável com um crescimento de 14,6 por cento de facturação dos hipermercados.

A política de preços baixos, o aumento da oferta das marcas próprias e campanhas de publicidade agressivas e permanentes permitiram aos supermercados disputar clientes com as cadeias de discount Lidl ou Minipreço. Juntos, Jerónimo Martins, grupo Os Mosqueteiros (Intermarché) e Sonae (Modelo) concentram 64 por cento da quota neste segmento.

Para os analistas, foram também este factores que contribuíram para a queda do Minipreço do grupo Dia, multinacional espanhola integrada desde 2000 no francês Carrefour. O ano passado a facturação desceu 0,9 por cento.

A venda do Minipreço noticiada em Abril pela imprensa francesa, e a consequente saída do Carrefour do país (em 2007 a cadeia francesa vendeu a sua unidade de hipermercados à Sonae Distribuição), pode reforçar a concentração no sector mas para o BarCap "não há um interessado óbvio nas 524 lojas".

A tendência de concentração prevista pelo analistas é justificada pela média europeia. Apesar de existirem 140 mil portugueses para cada hipermercado e 3300 para cada supermercado, o relatório garante que há muito espaço para crescer. "Em teoria, para Portugal atingir a média europeia, a distribuição alimentar teria de abrir mais 117 hipermercados e 1875 supermercados e lojas de discount", lê-se.

Sobre o decreto-lei que permite a abertura aos domingos à tarde e feriados dos hipermercados o BarCap diz que os mais beneficiados serão o Continente e o Jumbo (Auchan). "Esperamos que a nova lei venha aumentar as vendas em cinco por cento em 2011, à custa das lojas de menor dimensão mais próximas", sobretudo de conveniência.

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