Belenenses cede terrenos para investimento imobiliário de 66 milhões do The Edge Group

Projecto prevê transformação de 11 hectares em redor do estádio do Restelo.

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José Luís Pinto Basto, administrador delegado do TEG Enric Vives-Rubio

Um clube em dificuldades financeiras e um grupo de investimento e de capital de risco uniram forças neste sábado para investir 66 milhões de euros na reabilitação de um espaço de 11 hectares. O acordo entre o Belenenses e o The Edge Group (TEG) já está firmado, prevendo uma transformação completa da zona em redor do estádio do Restelo. Falta agora luz verde dos sócios e da Câmara Municipal de Lisboa.

Neste sábado, foi assinado um memorando que estabelece a cedência dos terrenos por parte do clube, seguida de um investimento de 66 milhões de euros por parte do TEG, liderado por José Luís Pinto Basto, em sociedade com Miguel Pais do Amaral e com o empresário norte-americano Nicolas Berggruen.

O administrador delegado do grupo explicou ao PÚBLICO que o projecto, que tem vindo a ser negociado há já alguns meses, “tem três vertentes diferentes: saúde, educação e desporto”. Dentro da primeira está prevista a construção de uma clínica geral e de um centro de alto rendimento, bem como de um edifício de residências assistidas. Já na vertente da educação, abrange um colégio, uma universidade e ainda uma incubadora de empresas.

Por fim, voltado para o desporto, haverá um novo pavilhão e a renovação dos campos de futebol de 11 que não são actualmente considerados oficiais. Para que passarem a ser, uma das alterações projectadas é orientá-los para sul-norte, já que neste momento estão direccionados para este-oeste. Nesta área, “um dos grandes objectivos é atrair estrangeiros”, explicou José Luís Pinto Basto.

O empresário acredita que, entre aprovação dos sócios e da Câmara Municipal de Lisboa, com a qual já tem havido negociações, o projecto ainda poderá demorar “seis a oito meses” a arrancar. Assim que as obras iniciaram, acredita que os primeiros equipamentos estarão prontos no espaço de 12 a 24 meses.

O clube, que aderiu ao Processo Especial de Revitalização (mecanismo judicial de negociação de dívidas alternativo à insolvência) por dificuldades financeiras, deverá ter um retorno anual “de cerca de um milhão de euros”, com as rendas que serão pagas por quem explorar os equipamentos, estima o administrador delegado do TEG.

“Este é um projecto que vale a pena para todas as partes, com ganhos directos para a zona em que está inserido”, referiu, explicando que não é a primeira vez que existe um projecto para os 11 hectares de terreno que a capital de risco pretende agora transformar. “O Belenenses não tinha encontrado o parceiro certo até aqui”, acrescentou.

Investimento a crescer

Quando este novo projecto do TEG se concretizar, o investimento global em projectos de recuperação de activos imobiliários vai aproximar-se dos 150 milhões de euros. No ano passado, o grupo criou uma participada com vocação específica para esta área de negócio. A Edge Bergrruen (detida em partes iguais pelo TEG e por Nicolas Berggruen) arrancou com uma previsão global de investimento próprio de 300 milhões de euros.

Os braços do grupo não se esgotam, porém, aqui. Nos últimos anos, tem vindo a adquirir negócios, muitos deles em dificuldades financeiras, como aconteceu com a Labrador e com a icónica Majora, comprada ao Montepio no início deste ano e que será relançada em breve, com o objectivo de, no futuro, ter lojas próprias.

Tal como referiu recentemente, numa entrevista ao PÚBLICO, José Luís Pinto Basto está agora muito focado em investir em negócios ligados à economia do mar, como as energias renováveis e a aquicultura. As estimativas do TEG apontam para um investimento até 15 milhões neste sector ao longo deste ano.

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