BCE ainda sem conseguir fazer subir a inflação

Variação dos preços na zona euro fica abaixo das expectativas em Dezembro.

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Mario Draghi anunciou em Dezembro novas medidas de estímulo

A taxa de inflação homóloga na zona euro manteve-se nos 0,2% durante o mês de Dezembro, um valor que fica abaixo das previsões realizadas pelos analistas e mais um sinal de que o objectivo do Banco Central Europeu (BCE) de fazer acelerar os preços na economia europeia continua a ser difícil de alcançar.

De acordo com a estimativa rápida publicada esta terça-feira pelo gabinete de estatística europeu Eurostat, a variação dos preços face ao mesmo mês do ano passado foi de 0,2%. Este resultado é exactamente igual ao registado em Novembro, prolongando o período de inflação baixa na zona euro. Antes da divulgação do resultado, os analistas inquiridos pela agência de notícias Bloomberg apontava em média para uma subida da inflação para 0,4%.

A expectativa era a de que em alguns bens, como os petrolíferos, se registasse neste final do ano uma subida da variação homóloga, uma vez que tinha sido no final de 2014 que uma descida mais acentuada dos preços se tinha registado. No entanto, os números agora divulgados pelo Eurostat indiciam que a queda dos preços da energia voltaram a registar uma quebra forte no final de 2015, o que, combinado com uma pressão em baixa dos preços noutros bens, contribuiu decisivamente para manter a variação homóloga estabilizada.

Durante o ano de 2015, o Banco Central Europeu tem vindo a aplicar diversas medidas na tentativa de acabar com o período de inflação muito baixa que se vive na zona euro. A preocupação do banco liderado por Mario Draghi é que esta inflação baixa influencie as expectativas dos consumidores e das empresas em relação à evolução futura dos preços, lançando a economia europeia para um cenário de deflação, em que a descida dos preços conduz a uma retracção do consumo e do investimento.

O BCE tem como meta uma taxa de inflação a médio prazo “abaixo mas próxima de 2%” e para que isso possa acontecer colocou as taxas de juro a níveis historicamente baixos e iniciou no passado mês de Março a compra nos mercados de títulos de dívida pública dos países da zona euro.

Perante a persistência de uma inflação muito baixa, Mario Draghi anunciou no mês passado uma nova descida da taxa de juro dos depósitos (que já se encontrava em valores negativos) e o prolongamento das compras de activos (incluindo por dívida pública) por mais seis meses. O programa de injecção de liquidez na economia do BCE durará agora até Março de 2017, pelo menos.

Os dados conhecidos esta terça-feira constituem mais uma desilusão para ao banco central e dão argumentos aos que avisam que as medidas até agora anunciadas pelo BCE não são suficientes para colocar a inflação da zona euro a níveis mais seguros. Em Frankfurt, contudo, confia-se que o efeito descendente trazido pelos produtos petrolíferos acabará por se esbater nos próximos meses, apelando-se igualmente a que do lado dos Estados com mais espaço de manobra orçamental sejam aplicadas políticas menos restritivas.

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