Audi não quer deixar tecnologia digital nas mãos de Silicon Valley

Presidente executivo da marca alemã está optimista em relação ao sul da Europa.

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O sector está a desenvolver carros que não precisam de pessoas atrás do volante Thomas Peter/Reuters

Integração com telemóveis, ecrãs para controlar funções, ligação à Internet – os automóveis incorporam cada vez mais tecnologia vinda da electrónica de consumo e a conectividade é uma das tendências fortes do sector. Mas a Audi não pretende deixar este aspecto do fabrico em mãos alheias.

Numa conferência de imprensa em Portimão, que serviu para apresentar a nova versão do modelo desportivo R8, o presidente executivo da marca alemã, Rupert Stadler, afirmou que a empresa vai recrutar nestas áreas. “Não vamos deixar as oportunidades da digitalização para Silicon Valley”, garantiu. “Acreditamos no nosso próprio poder de inovação”.

Stadler, porém, mantém as portas abertas à colaboração que já tem com plataformas externas. Tanto o Apple Car Play como o Android Auto, já foram incoporados em carros de gama alta da Audi. Os dois sistemas permitem uma melhor integração com telemóveis e pretendem facilitar por parte do condutor o uso de funcionalidades como as chamadas telefónicas, os SMS e a escolha de música.

O gestor afirmou ainda que “a inteligência artificial será o próximo nível” na indústria automóvel e lembrou que o sector está a desenvolver sistemas que permitem aos carros “comunicarem uns com os outros”. A intercomunicação é uma peça importante na construção de um mundo em que os carros conduzem autonomamente, uma visão que muitas marcas se estão a esforçar por concretizar.

Optimismo para o sul da Europa
Depois de uma crise financeira que afundou o sector automóvel na Europa, o presidente da Audi vê com optimismo o crescimento que tem vindo a ser registado nos mercados sul-europeus.

Stadler observou que “os italianos têm estado a comprar mais carros nos últimos 15 meses”, embora o mercado esteja “num nível abaixo de antes da crise”. Sobre Espanha, disse que a marca “está confiante no mercado em geral”. E em relação a Portugal referiu “uma expansão da economia, ainda que num nível mais moderado”.

As vendas em Portugal têm vindo a subir nos últimos dois anos e 2015 está a ser o segundo melhor ano da década: é preciso recuar a 2010 para encontrar um primeiro semestre com mais carros vendidos. Até Junho, tinham sido vendidos 100.656 ligeiros de passageiros, mais 33% do que no ano passado. A Audi  é a nona marca que mais automóveis vende e tem uma quota em torno dos 5% de mercado.

Já os dados mais recentes da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis indicam que a procura na União Europeia subiu 11% entre Janeiro e Maio. Em Espanha, o mercado cresceu 34% e em Itália, 8%.

Rupert Stadler, porém, apontou indicadores de abrandamento económico de regiões fora da Europa, incluindo o arrefecimento dos mercados indiano e brasileiro e o crescimento “surpreendentemente moderado” da economia chinesa. No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu 7%, o valor mais baixo dos últimos seis anos.

O mercado chinês de automóveis explodiu em meados da década passada, quando o país se tornou o segundo maior consumidor de automóveis, atrás dos EUA. No entanto, os padrões de consumo já se estão a aproximar dos mercados maduros e em 2013 as vendas de carros usados superaram pela primeira vez as de veículos novos. 

 

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