Altice contacta assessor financeiro da Oi para comprar PT Portugal

“Diversos interessados”, entre os quais, a francesa Altice, pediram informações sobre a PT Portugal ao banco que a Oi contratou para comprar a TIM.

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Oi não foi contactada por interessados na PT, mas o assessor financeiro sim Rui Gaudêncio

O Banco BTG Pactual “foi contactado por diversos interessados [dentre os quais a Altice] em obter informações seleccionadas sobre os negócios da PT Portugal SGPS, principalmente sobre suas operações em Portugal para que pudessem eventualmente formular propostas visando a aquisição de tais operações ou de parte de seus activos não estratégicos”, revelou a Oi, em comunicado divulgado no site da CMVM.

A empresa enviou este esclarecimento a pedido da bolsa de São Paulo, na sequência de notícias publicadas na imprensa brasileira sobre contactos entre o grupo francês e os accionistas da Oi nas últimas semanas, com vista à venda da PT Portugal. A empresa brasileira assegura que ainda não decidiu se vai avançar com a venda da PT.

O presidente executivo da Altice, Dexter Goei, esteve na semana passada em Portugal. Além de uma visita ao vice-primeiro ministro Paulo Portas a dar conta da intenção de reforçar o investimento em Portugal (o grupo já tem a Oni e a Cabovisão), os representantes da Altice mantiveram reuniões com os accionistas da PT que são indirectamente accionistas da Oi, como o Novo Banco, a Controlinveste e a Visabeira. Para esta semana ficou agendado um contacto com a Ongoing.

O BTG, que será um dos accionistas relevantes da futura CorpCo (a entidade que nascerá quando estiver concluída a organização societária da Oi), foi contratado pela Oi como “comissário para desenvolver alternativas viáveis de estruturas e de funding para propiciar uma participação da companhia como protagonista na consolidação do sector de telecomunicações do Brasil”.

Por outras palavras, o banco está a desenvolver contactos e a definir uma estratégia para a empresa poder ir às compras. O cenário apresentado como mais provável tem sido o de compra da TIM (segunda maior operadora móvel do Brasil, a seguir à Vivo) pela Oi e de repartição dos seus activos com a Telefónica a Claro, para evitar o chumbo das autoridades reguladoras e das telecomunicações brasileiras.

É nesse pressuposto que a venda da PT Portugal poderia fazer sentido, ajudando a Oi a capitalizar-se para uma operação de aquisição. Mas, na nota divulgada nesta terça-feira, a Oi sublinha que, “até à presente data, não recebeu qualquer proposta de alienação, com indicação de valores ou não, da suas actividades em Portugal e que não existe decisão visando a alienação de tais actividades, ou de seus activos em Portugal”.

Apesar de manter em aberto o destino a dar aos negócios de telecomunicações em Portugal, a equipa de gestão da Oi quis “reforçar o comprometimento da gestão da Oi e da PT Portugal na superação dos desafios" que as empresas enfrentam numa carta enviada aos colaboradores da PT Portugal.

Neste documento, a que a Lusa teve acesso, o sucessor interino de Bava à frente da Oi, Bayard de Paoli Gontijo, lembra que as empresas estão a enfrentar "uma situação adversa" e que o caso Rioforte "causou dano sério à PT Portugal e à Oi", levando mesmo a revisões em baixa das notações financeiras atribuídas às duas operadoras pelas agências internacionais de rating.

"Temos que reduzir o alto endividamento que temos de forma efectiva, por isso devemos reduzir custos firmemente e rapidamente e controlar de maneira granular e eficiente os investimentos", refere a carta, que também é assinado pelo presidente executivo da Portugal, Armando Almeida.

A redução da dívida passará por uma "assertiva gestão de capital, incluindo venda de activos", mas sem “acções precipitadas”, acrescenta a carta dirigida aos trabalhadores.

O secretário de Estado das Comunicações, Sérgio Monteiro, também veio nesta terça-feira afirmar que o clima de incerteza em torno do futuro da PT "não é bom para o país nem para o sector".

"Quando uma empresa com a relevância da PT se vê nesta situação não é bom para o mercado nem para o país; nem para a imagem que quer projectar, nem para o sector em que a empresa está inserida", considerou o governante, citado pela Lusa.

 

 

 

 

 


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