Açores pedem explicações por TAP ter abandonado voos para o Faial e o Pico

Governo regional questiona ministro da Economia sobre saída da TAP das duas rotas abrangidas por obrigações de serviço público.

Foto
PS diz que não há "condições legais nem politicas" para que se mantenha o processo de venda da TAP Paulo Ricca

O Governo Regional dos Açores pediu explicações ao ministro da Economia, António Pires de Lima, por a TAP ter deixado de voar para as ilhas do arquipélago que continuam a ter obrigações de serviço público.

A decisão da TAP foi tomada contrariando uma "orientação" do Conselho de Ministros de 15 de Janeiro, no qual foi aprovado o caderno de encargos da privatização da companhia aérea nacional, "que prevê a obrigação de continuar e reforçar as rotas que sirvam as regiões autónomas", sublinha o executivo açoriano, numa carta enviada a Pires de Lima na semana passada, a que a agência Lusa teve acesso nesta segunda-feira.

"Considerando que as ligações aéreas para o Faial e para o Pico continuam a reger-se por obrigações de serviço público, o Governo dos Açores considera ser premente e imprescindível que, face ao anúncio de saída da TAP daquelas rotas, haja uma clarificação do Governo da República sobre o posicionamento, presente e futuro, da TAP no que concerne às ligações aéreas entre os principais aeroportos nacionais e as regiões autónomas", escreve o secretário regional dos Transportes dos Açores, Vítor Fraga, na carta enviada a Pires de Lima.

Para o Governo Regional dos Açores, "o anúncio extemporâneo da retirada da TAP" do Faial e do Pico, além de desrespeitar o que foi aprovado pelo Conselho de Ministros, "suscita fundada preocupação" em relação ao "papel que cabe à TAP, como companha de bandeira nacional".

"Uma preocupação que, aliás, se agrava, considerando que o processo de reprivatização da TAP não está concluído e, ainda assim, já não está a ser cumprido o compromisso assumido pelo Estado, enquanto accionista, de “manter e reforçar” as ligações entre os principais aeroportos nacionais e as regiões autónomas, designadamente, e em especial, as rotas regidas por obrigações de serviço público", sublinha o governante açoriano, que quer saber se Pires de Lima "pretende transmitir alguma orientação" à administração da empresa "no sentido desse cumprimento".

A TAP deixou de voar para o Pico e para o Faial a 29 de Março, dia em que entraram em vigor novas regras nas ligações aéreas entre os Açores e o resto do país.

A companhia aérea nacional optou por continuar apenas a voar para as duas ilhas com ligações liberalizadas, Terceira e São Miguel, tendo neste último caso reforçado o número de ligações.

Com a saída da TAP do Faial e do Pico, a SATA passou a assegurar o serviço público nestas ligações, reforçando a operação no primeiro caso e, no segundo, inaugurando uma nova rota para a companhia, entre o Pico e Lisboa.

O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, havia já manifestado publicamente, a 29 de Março, “incompreensão” por a TAP, ainda antes de ser privatizada, ter deixado de assumir as suas responsabilidades de serviço público na região, desrespeitando "um compromisso e uma orientação" do Conselho de Ministros.

Vasco Cordeiro já tinha dito que quer que se “esclareça em que termos” a TAP tomou esta decisão.

 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários