A importância do Brasil 2014 para a economia portuguesa

A difusão da marca Portugal deve atrair turistas e investidores para o nosso país.

Além da relevância que o Brasil tem, enquanto parceiro económico e lusófono, para Portugal, o conjunto de mega-eventos desportivos que o Brasil vai acolher, iniciados em 2014, apresenta estímulos adicionais sobre a Economia de Portugal.

Estes estímulos podem ser sintetizados a três níveis principais: o aumento das vendas de merchandising associado ao apoio à seleção, o turismo desportivo, e a difusão da marca Portugal que deve atrair turistas e investidores, futuramente, para o nosso país.

No imediato, além do setor do futebol profissional, com a valorização de mercado dos atletas nacionais, também o setor turístico ganha, sobretudo o associado ao turismo emissor (isto é, numa primeira dimensão, sai dinheiro dos turistas portugueses para os países das organizações desportivas; mas num segundo momento, tende a haver um conjunto de transações comerciais que, devido ao movimento inicial, são agilizadas). Mas há outras atividades beneficiadas – a língua em comum tem facilitado a emigração portuguesa para suportar as atividades de apoio ao Mundial e aos Olímpicos no Rio, assim como a subcontratação de empreitadas portuguesas e de consultores nacionais tem aumentado desde o início dos trabalhos. O setor da restauração nacional (bares e restaurantes) reage sempre positivamente a mais encontros desportivos relevantes que são televisionados. Finalmente, a confiança dos consumidores/famílias aumenta sempre que as seleções de um dado país exibem bons resultados desportivos no plano internacional; ao invés, maus resultados desportivos nunca ajudaram a economia dos competidores derrotados.

Os últimos mega-eventos futebolísticos (como o Mundial na África do Sul, em 2010, e o Euro, na Polónia e na Ucrânia, em 2012) mostram evidências de impactos vários trazidos para Portugal. Obviamente, o acolhimento do Euro 2004 representou muito mais (quer em valor absoluto quer como percentagem do PIB português) do que qualquer uma destas nossas “visitas” à África do Sul, e à Polónia e Ucrânia. Por exemplo, apesar de termos sido eliminados nos dois percursos rumo à final, o valor de mercado dos jogadores chamados à seleção, aumentou, em média, 10 a 20% pela presença em cada um destes últimos eventos desportivos. Também, a FPF recebeu “prize money” derivado da participação bem como diversos clubes portugueses (sobretudo, os de maior historial desportivo) receberam centenas de milhares de euros pela presença de jogadores contratados, selecionados pelos respetivos países para estas competições.

Finalmente, a nível político, esta presença também tem comportado vantagens. Vários estudos têm demonstrado que a participação em provas desportivas ao nível mais competitivo reforça o amadurecimento democrático das populações dos países envolvidos bem como intensifica os laços diplomáticos, para a generalidade dos países participantes. Ao invés, um país arredado das grandes competições desportivas tende a ficar também arredado do comércio internacional, da importância geoestratégica e a ver fragilizadas as suas estruturas democráticas – aliás, são raros os casos de ditaduras muito competitivas desportivamente desde o fim da Guerra Fria.

Professor do Departamento de Economia da Universidade do Minho

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