A Sotheby’s põe 500 milhões na mesa

A leiloeira garantiu aos herdeiros de Alfred Taubman que aconteça o que acontecer no leilão da colecção do pai eles recebem 500 milhões de dólares

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Les danseuses en blanc, de Degas, vai à praça por um valor estimado de entre 18 milhões a 25 milhões de dólares DR
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Portrait de Paulette Jourdain, de Modigliani, tem o seu valor ainda sob reserva
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Untitled (Lavender and Green), de Mark Rothko, vai à praça por entre 20 a 30 milhões de dólares
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Femme assise, de Pabrlo Picasso, vai à praça por entre 25 a 35 milhões de dólares
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Untitled XXI, de De Kooning, vai à praça por entre 25 a 35 milhões de dólares
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Freundin, Rosa-Blau, de Egon Schiele, vai à praça por entre 2,5 e 3,5 milhões de dólares

Há quem diga que é o maior risco assumido pela Sotheby’s nos seus 271 anos de história: são 500 milhões de dólares (440 milhões de euros) a jogo na venda da Colecção Taubman, que a leiloeira apresenta este sábado em Londres e no próximo mês leva à praça em Nova Iorque.

Com 500 trabalhos de grandes mestres tanto antigos quanto contemporâneos, espera-se que venha a ser o conjunto mais valioso de sempre de um único coleccionador a chegar ao mercado. De Dürer e Rafael a Picasso e Mark Rothko. Degas, Modigliani, de Kooning, Egon Schiele, Frank Stella, Winslow Homer, Charles Burchfield... A variedade e qualidade da colecção garante a atenção de interessados de várias frentes. Ainda assim, a garantia dada pela leiloeira aos filhos de Alfred Taubman arrisca: independentemente do que venha a acontecer em leilão, William, de 47 anos, e Gayle, de 64, receberão 500 milhões de dólares.    

Foi a forma de convencer os herdeiros a contornar o que se esperava do pai, que morreu em Abril e se presumia desse indicações para o seu espólio ir à praça pela Christie’s, de que era accionista e na qual cometeu as ilegalidades que o levaram a ser preso em 2002, aos 78 anos, por manipular preços de venda que lesaram clientes e a casa em mais de 100 milhões de dólares (88 milhões de euros).

“Se eu trabalhasse na Sotheby’s, estava a roer as unhas”, disse ao The Times um antigo funcionário da leiloeira. “É uma altura arriscada para fazer garantias desta escala”, acrescentou o mesmo antigo funcionário, aludindo aos efeitos da crise internacional.

Outras fontes do jornal sublinharam a luta de titãs travada entre as rivais Sotheby’s e Christie’s por esta venda. “Há um certo descontentamento que a Sotheby’s tenha sido empurrada a dar esta garantia. Uma vez que a Christie’s foi prejudicada pelas actividades de Taubman, imaginava-se que a família fosse mais nobre na sua escolha”, disse uma dessas fontes.

Já Christopher Tennyson, porta-voz da família Taubman, fez saber que “as duas casas foram contactadas ao mesmo tempo”: “A concorrência foi leal e justa.”

Na verdade, a garantia dos 500 milhões é um teste de grande escala à capacidade de análise de mercado dos especialistas da leiloeira, diz o The Times – e qualquer grande evento mundial ao longo das próximas semanas pode fazer as previsões ruir. Segundo este jornal, a grande aposta são os investidores chineses, mas as recentes desvalorizações da moeda nacional, que em três dias, em Agosto, perdeu 4,5% em relação ao dólar, levantou temores de que estes acabem a assistir mais passivamente do que o esperado. “Se eu fosse accionista da Sotheby’s quereria saber o que acontece aos cálculos por detrás da garantia se o renmimbi sofre outra desvalorização antes da venda”, questionou David Kusin, economista especializado em mercado da arte.

A Sotheby’s não comentou esta concentração de risco mas admite que a crise internacional “pode afectar negativamente” os seus negócios e clientes. Aliás, não seria a primeira vez que uma garantia destas corria mal: em 2008, a mesma leiloeira perdeu 52 milhões de dólares (45,7 milhões de euros) numa só temporada, recorda o The Times. Já os resultados da "aventura Taubman" só no arranque do próximo ano poderão ser plenamente avaliados: a colecção vai à praça por partes em quatro noites ao longo de três meses: as obras-primas a 4 de Novembro, a secção de arte moderna e contemporânea a 5, a arte americana a 18 e os mestres antigos já em 2016, a 27 de Janeiro.

Notícia corrigida às 21h04 Onde se lia meio bilião, deve ler-se 500 milhões de dólares. 

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