Prémio Mies van der Rohe para a casa de concertos Harpa em Reiquejavique

Menção honrosa para María Langarita e Víctor Navarro, pela Nave de Música Matadero em Madrid.

A sala de concertos e centro de conferências Harpa, em Reiquejavique, na Islândia, recebeu nesta segunda-feira o Prémio de arquitectura contemporânea Mies van der Rohe.

A Fundação Mies van der Rohe e a Comissão Europeia, que atribuem o prestigiado galardão, atribuíram também uma menção honrosa para arquitectos emergentes à dupla espanhola María Langarita e Víctor Navarro, pela Nave de Música Matadero em Madrid. De fora ficaram os arquitectos portugueses Aires Mateus, cujo projecto do Lar de Idosos construído em Alcácer do Sal para a Santa Casa da Misericórdia estava na shortlist para o prémio principal.

Projectado pelos ateliers Henning Larsen Architects, Batteríið Architects e pelo Studio Olafur Eliasson, o Harpa é uma estrutura cristalina que “ajudou a transformar e a revitalizar o porto de Reiquejavique e aproximou mais a cidade e a zona portuária”, diz a organização na nota enviada às redacções.

A primeira edição deste prémio bienal, que este ano cumpre o seu 25.º aniversário, foi ganha pelo arquitecto português Álvaro Siza com o projecto do Banco Borges & Irmão, em Vila do Conde. Com o arquitecto português Pedro Gadanho, curador de Arquitectura Contemporânea do Departamento de Arquitectura e Design do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), no júri, a selecção do projecto islandês foi escolhido por ter “captado o mito de uma nação – a Islândia – que agiu conscientemente em prol de um edifício cultural híbrido a meio da Grande Recessão em curso”, explica Wiel Arets, presidente do júri.

A estrutura, que usa uma espécie de tijolo "transparente e poroso", surge como uma superfície reflectora que parece estar sempre em mudança num “jogo de luz colorida” que promove um diálogo entre a cidade e “a vida interior do edificio”, prossegue Wiel Arets no mesmo comunicado.

O traço identitário da obra é sublinhada pelo presidente do júri, que atribui ao projecto da Henning Larsen Architects, Batteríið Architects e do estúdio do artista Olafur Eliasson o mérito de terem trabalhado interdisciplinarmente para enviar “uma importante mensagem ao mundo e ao povo islandês, ao cumprir o seu sonho há muito aguardado”. O Harpa tem como base de inspiração a paisagem e a tradição islandesa, reflectindo o céu e o oceano.

Também Peer Teglgaard Jeppesen, da Henning Larsen Architects, frisa na sua reacção à distinção que o “Harpa é resultado de um processo de colaboração que envolveu muitas pessoas” e hoje “um símbolo do renovado dinamismo da Islândia”.

Já o Matadero de Madrid foi trabalhado tendo em conta a instalação no antigo parque industrial da Red Bull Music Academy, um evento itinerante mundial patrocinado pela marca de bebidas energéticas e que ao longo dos anos é conhecido pela ocupação de espaços inusitados nas cidades, onde junta músicos e produtores conceituados e jovens valores para sessões criativas. O projecto de María Langarita e Víctor Navarro foi erguido em apenas dois meses e segundo destaca a organização do prémio “respondeu às necessidades técnicas e acústicas do evento”, promovendo “encontros entre os músicos participantes”.

Para a comissária europeia da Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude, Androulla Vassiliou, todos os finalistas merecem os parabéns por terem criado “edifícios que não só são da maior qualidade estética e técnica, mas também [são] lugares que tocam as nossas emoções e que aproximam as pessoas”.

Entre os finalistas para o Prémio Mies van der Rohe estavam também a dupla portuguesa Manuel e Francisco Aires Mateus, o BIG Bjarke Ingels Group, com o projecto para um parque urbano intercultural em Copenhaga (Dinamarca), a belga Marie-José van Hee (do atelier Robbrecht en Daem Architecten) pelo desenho da Câmara Municipal de Gand e o atelier Jürgen Mayer-Hermann (Berlim), pelo espaço comercial e cultural Metropol Parasol, em Sevilha. Foram escolhidos a partir de um conjunto de 355 obras de 27 países da União Europeia pré-nomeadas por várias instituições representativas de cada país – no caso português, existiram entidades nomeadoras como a Ordem dos Arquitectos, mas também peritos participantes no processo como Jorge Figueira ou João Vieira Caldas.

Entre os vencedores das passadas edições do prémio contam-se nomes como o de Zaha Hadid (Car Park and Terminus Hoenheim North, em Estrasburgo), Norman Foster (Aeroporto de Stansted, em Londres), David Chipperfield (Neues Museum, Berlim), Peter Zumthor (a Kunsthaus Bregenz, na Áustria) ou Rem Koolhaas (Embaixada da Holanda em Berlim).

A cerimónia de entrega do prémio está agendada para 7 de Junho, no Pavilhão Mies van der Rohe, em Barcelona, onde se assinalará o 25.º aniversário deste prémio bienal. O valor pecuniário do prémio baptizado com o nome do  arquitecto alemão pioneiro é de 60 mil euros. Os distinguidos com a menção honrosa recebem 20 mil euros.

Notícia corrigida às 19h35: processo de selecção dos nomeados de Portugal
 
 
 

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