Morreu a bailarina Maria Tallchief, musa de Balanchine
Grande nome do bailado dos Estados Unidos, Tallchief está para os EUA como Margot Fonteyn para Inglaterra
Maria Tallchief – cuja morte foi anunciada pela família, na sexta-feira – nasceu a 24 de Janeiro de 1925 no seio da tribo Osage, em Fairfax, Oklahoma, filha de pai índio nativo americano e mãe de origem irlando-escocesa. Começou a estudar bailado desde cedo, com a sua irmã Marjorie. E continuou a fazê-lo quando, aos oito anos, se mudou com a família para Los Angeles. Aqui teve como mestres, entre outros, a irmã do famoso Vaslav Nijinsky, Bronislava. Aos 17 anos, Maria Tallchief atravessa pela primeira vez o Atlântico, para ingressar no Ballet Russo de Monte-Carlo, onde depressa se tornou uma das principais solistas da companhia.
O encontro com George Balanchine aconteceu nessa altura e em 1946 Tallchief casa-se mesmo com o grande coreógrafo russo, mais velho que ela 21 anos. Acompanha-o, no ano seguinte, no ingresso na Ópera de Paris, mas logo em 1948 regressa com ele aos Estados Unidos, onde ambos se dedicam à fundação do New York City Ballet.
Maria Tallchief torna-se a protagonista de Pássaro de Fogo, de Stravinsky, a rainha de O Lago dos Cisnes e a fada de O Quebra-Nozes, ambos de Tchaikovsky, a Eurídice de Orfeu, sempre sob a direcção do seu marido – de quem viria a divorciar-se em 1950.
Apesar da separação, Maria Tallchief manteve-se no New York City Ballet até meados da década de 1960, tendo paralelamente trabalhado como bailarina convidada em companhias como o American Ballet Theatre, de novo o Ballet Russo de Monte Carlo, ou o Ballet da Ópera de Hamburgo, em 1965, ano em que decidiu abandonar os palcos. Mas isso não significou o abandono do mundo do bailado. Em 1981, Maria Tallchief fundou, com a sua irmã Marjorie, o Chicago City Ballet, que dirigiu durante seis anos.
Sobre a carreira de Maria Tallchief, o bailarino e coreógrafo americano Jacques d’Amboise, em declarações ao The New York Times, comparou-a aos nomes das grandes estrelas Margot Fonteyn e Galina Ulanova. “Quando pensamos no ballet russo, ele é Ulanova; no ballet britânico, é Fonteyn; no ballet americano, é Tallchief. Ela foi grande entre as maiores.”
No momento do anúncio da morte de Maria Tallchief, a sua filha, a poeta Elise Paschen, declarou, em comunicado citado pela AFP: “A minha mãe era uma lenda do ballet, e tinha orgulho na sua origem índia. O seu dinamismo iluminava a cena. A sua paixão, o seu comprometimento com a sua arte e a sua devoção à família vão-me fazer muita falta. Ela colocou a barreira muito alta, procurava sempre a excelência em tudo o que fazia”.