Mais regressos, menos estreias absolutas no Abril-Julho do TNSJ

Nuno Carinhas apresentou a sua programação para um segundo trimestre dominado por dois festivais que este ano serão só um: FITEI e Dancem!

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Penal de Ocaña será uma das produções estrangeiras do 37.º FITEI

Corte orçamental após corte orçamental, o Teatro Nacional São João (TNSJ) continua a gerir o seu ano de 2014 com menos 200 mil euros no bolso – a haver novas reduções, sublinhou esta quinta-feira a presidente do Conselho de Administração, Francisca Carneiro Fernandes, na presença do secretário de Estado da Cultura, a instituição deixará de estar em condições para cumprir a sua missão. Para já, o programa até Julho está impresso: haverá mais regressos e menos estreias absolutas, num trimestre dominado por dois festivais (o FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, na sua 37.ª edição, e o Dancem!) que este ano serão só um.

Foi uma escolha e uma contingência, explicou ao PÚBLICO o director artístico, Nuno Carinhas, à margem da conferência de imprensa de apresentação da programação: “Não queremos deixar cair o Dancem!, que é uma marca do São João desde 1996 a que nos agarramos este ano fazendo um festival totalmente nacional. Mas acreditamos que o alinhamento reflecte o imenso fulgor de uma determinada geração da dança portuguesa – a geração do Paulo Ribeiro, da Olga Roriz, da Né Barros e da Clara Andermatt – que nos últimos tempos parece estar a refazer a sua linguagem.”

Entre 30 de Maio e 7 de Junho, o Dancem! 2014 recebe as criações mais recentes destes quatro coreógrafos (respectivamente: Sem tu não pode haver um eu, Bits & Pieces, Landing e Fica no Singelo, e ainda o solo que Tânia Carvalho criou para Leonor Keil, Como é que eu vou fazer isto? Paralelamente, o TNSJ acolhe quatro espectáculos do primeiro FITEI pós-Mário Moutinho (cuja restante programação ainda está por anunciar): Penal de Ocaña, pelos espanhóis da Nao d’Amores, De Bestias, Criaturas y Perras, produção franco-mexicana encenada por Giovanni Ortega, o Édipo de John Mowat para o Chapitô e o Prometeu versão marionetas de Marcelo Lafontana, que de resto estreará entretanto no TNSJ a sua leitura da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto (10 a 23 de Maio), que Nuno Carinhas considera “o mais delicioso texto da literatura portuguesa”.

Antes disso, porém, e cumprida anteontem mais uma etapa com a reposição de Turismo Infinito, o TNSJ retoma a sua temporada Fernando Pessoa com a apresentação da Ode Marítima de Álvaro de Campos, um solo de Diogo Infante (3 a 13 de Abril), e passeia-se por lugares pouco frequentados da paisagem dramatúrgica francesa. A saber: Valère Novarina, de que Renata Portas apresentará A Cena (10 a 19 de Abril) e Rémi De Vos, cujo Ocidente Victor Hugo Pontes encenou para As Boas Raparigas (9 a 18 de Maio). De Lisboa chegarão Noite de Guerra no Museu do Prado, pelo Teatro dos Aloés – o espectáculo com que o TNSJ quer celebrar os 40 anos do 25 de Abril, assim correspondendo à vontade que o encenador José Peixoto tinha de voltar ao texto de Rafael Alberti quatro décadas depois da sua histórica versão com Mário Barradas –, e mais uma visita dos Artistas Unidos, com o seu mais recente Harold Pinter, Regresso a Casa (13 a 29 de Junho).

O décimo aniversário das Comédias do Minho, que o TNSJ festejará de 11 a 13 de Julho com o ciclo Mapa/Terra/Lugar/Casa/Corpo, encerra o segundo trimestre de 2013 no São João – Isabel Alves Costa, a fundadora da companhia, um caso absolutamente excepcional de criação teatral descentralizada e de colaboração intermunicipal, foi de resto homenageada, a título póstumo, pelo secretário de Estado Jorge Barreto Xavier, que quis assinalar este Dia Mundial do Teatro com a sua primeira visita oficial ao São João e com a entrega de três medalhas de mérito cultural. O histórico fundador do Teatro de Marionetas João Paulo Seara Cardoso, também a título póstumo, e o encenador e ex-director do TNSJ Ricardo Pais foram os outros destinatários.

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