Directores de salas de concertos europeias defendem Casa da Música

Os responsáveis por salas de concertos europeias, reunidos pela primeira vez em Portugal, revelaram este sábado preocupações perante a situação actual da instituição portuense

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Paulo Pimenta

Christoph Lieben-Seutter, presidente da ECHO (European Concert Hall Organisation), organismo que representa várias das mais importantes salas de concerto na Europa, considerou este sábado “uma tragédia as políticas públicas para as instituições culturais” em Portugal.

A delegação da ECHO esteve reunida na sexta-feira em Lisboa, tendo a Fundação Gulbenkian como anfitriã, e este sábado no Porto, na Casa da Música. Para Christoph Lieben-Seutter, director da Elbphilharmonie and Laeiszhalle de Hamburgo, “os severos cortes impostos pelo Governo põem em causa a reputação de uma das instituições artísticas europeias de topo, causando danos para lá do mundo da música”.

Em declarações à Lusa, Stefan Forsberg, director da sala de concertos de Estocolmo, na Suécia, considerou que a Casa da Música tem “uma qualidade artística de elevado nível internacional” e deve receber apoio, “de forma a manter a sua reputação internacional”. Um “motivo de orgulho para o Porto e para Portugal", é como Louwrens Langevoort, director da Filarmónica de Colónia, na Alemanha, classificou a sala portuense, mostrando-se preocupado “com a extrema dificuldade causada por os apoios terem sido cortados em mais de 25% em tão pouco tempo”.

O director da ECHO, organização fundada há 25 anos, afirmou que os efeitos da crise são “diferentes de país para país”, com aqueles que escapam à crise “a manter boas audiências” e a compensar os cortes das subvenções públicas “com patrocínios e iniciativas comerciais”. No entanto, “em países com severos problemas económicos, os patrocínios e as doações privadas também estão em queda”.

A filarmónica gerida por Christoph Lieben-Seutter está a construir um imponente edifício em Hamburgo e não se defronta com problemas económicos. A mesma situação de estabilidade vivem as salas geridas por Louwrens Langevoort e por Stefan Forsberg, salientando este que "em Estocolmo os políticos têm mantido e aumentado o apoio, porque na Suécia as coisas continuam bem quando comparadas com muitos colegas à volta da Europa”.

Para Louwrens Langevoort, “os espectadores não estão disponíveis para pagar mais pelos bilhetes”c e as salas, que têm orquestras próprias, como no caso da Casa da Música, enfrentam dificuldades acrescidas.

Para o director da sala de concertos de Colónia a tendência para defender a importação de um modelo norte-americano baseado nos apoios privados não se aplica na União Europeia, onde os benefícios fiscais são negligenciáveis. Para estes gestores de salas de concertos é necessário continuar a contar com os apoios públicos, embora defendam a necessidade de se procurar novas estratégias, e de se diversificar a programação de forma a ir ao encontro de mais público.

“Estar presente na vida diária da nossa sociedade tem sido um factor chave para atrair novo dinheiro”, disse Stefan Forsberg, para quem o “sector artístico é essencial na sociedade actual para reflectir sobre o nosso passado, mas também sobre o nosso presente”.

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