Líder da CGTP alerta que maiorias absolutas são "desfavoráveis” aos trabalhadores

Manifestação juntou em Lisboa milhares de trabalhadores que reclamaram aumentos salariais e estão contra as alterações à legislação laboral que o Governo enviou para o Parlamento.

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Miguel Manso
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O líder da CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses), Arménio Carlos, desafiou nesta quinta-feira os trabalhadores a combater as maiorias absolutas no Parlamento que, independentemente do partido, são "desfavoráveis" à classe trabalhadora e deixou claro que esta é a "hora de acção" para exigir melhores condições.

"Nunca, mas nunca essa maioria absoluta se mostrou favorável aos trabalhadores", independentemente de ser "do PS ou do PSD/CDS", declarou o dirigente sindical no final da manifestação nacional da CGTP, que juntou em Lisboa milhares de pessoas oriundas de vários pontos do país.

Falando na praça dos Restauradores, Arménio Carlos vincou que, se dúvidas subsistissem, “convém recordar que se houve avanços em relação a algumas matérias [desde 2015] só foram possíveis, porque o Governo do PS não teve maioria absoluta e teve de negociar com o PCP, o BE e o PEV".

"Saibamos estar atentos, passar a mensagem e estimular os nossos trabalhadores a que nos próximos tempos desenvolvam a luta", sublinhou, realçando que "a hora é de acção, reivindicação e luta nos locais de trabalho e na rua, para assegurar a resposta necessária que os trabalhadores reclamam e o país precisa".

A seu ver, "esta intervenção vai ser determinante nos próximos actos eleitorais", como as eleições legislativas de 2019.

Como principais reivindicações, Arménio Carlos elencou desde logo a necessidade de "travar a proposta de lei do Governo do PS" sobre a lei laboral, que "acentua o desequilíbrio de forças a favor do patronato", causando ainda "impactos negativos que esta proposta tem para o bem-estar dos trabalhadores e das suas famílias".

Por isso, pediu aos deputados socialistas: "Votem contra". O apelo deverá contudo cair no vazio, uma vez que o PS anunciou também nesta quinta-feira que irá propor alterações ao diploma laboral do Governo.

Outra das reivindicações que serviu de mote à manifestação é a subida do salário mínimo nacional dos actuais 580 euros para os 650 euros no próximo ano (acima dos 600 euros previstos no programa do Governo).

"Para acabar com salários baixos e promover uma justa distribuição da riqueza, é preciso que respondam positivamente à exigência do aumento geral dos salários", avisou Arménio Carlos.

E exigiu ainda: "A proposta de Orçamento do Estado para 2019 do Governo do PS precisa de ir mais além".

De acordo com os números apresentados pela central sindical, na manifestação desta quinta-feira participaram trabalhadores vindos de todo o país em mais de 100 autocarros e em dois comboios provenientes do Porto, a par de dezenas de milhares da zona de Lisboa e arredores, que se deslocaram em transportes públicos ou em transporte próprio até ao Marquês de Pombal.

Estes manifestantes eram, também, de vários sectores de actividade, em particular dos serviços, da limpeza, da administração local e pública, da logística, da banca e dos serviços.

Aludindo à participação de funcionários do Novo Banco, Arménio Carlos destacou que "foi a primeira vez que estes trabalhadores fizeram greve e estão em conjunto na greve da CGTP".

O percurso começou na praça Marquês de Pombal e terminou nos Restauradores, com a intervenção do líder da CGTP perante a Avenida da Liberdade cheia de manifestantes.

Arménio Carlos terminou a sua intervenção citando o poeta brasileiro Vinicius de Morais, para mostrar solidariedade com o "povo brasileiro que se vê confrontado com ideias pseudofascistas", numa alusão à eleição de Jair Bolsonaro para Presidente. "A única coisa que cai do céu é a chuva, o resto é luta", concluiu, lendo a frase do poeta.

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