Apple Watch e franco forte tramam indústria suíça de relógios

Exportações registaram, em Maio, o maior recuo em cinco anos.

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As exportações suíças de relógios registaram em Maio o maior recuo dos últimos cinco anos, com a entrada em cena do Apple Watch, a valorização do franco suíço e uma quebra acentuada das ordens de compra de Hong Kong a serem dadas como as principais razões do declínio.

As vendas das marcas suíças para o estrangeiro caíram no mês passado cerca de 9% para 1700 milhões de euros, mas a Federação Suíça da Indústria de Relógios lembra que em Maio de 2015 houve menos dois dias de trabalho do que no mesmo mês do ano passado, o que retira alguma dimensão real ao recuo estatístico verificado.

Mas o certo é que o decréscimo nas exportações é o mais elevado desde a Grande Depressão de 2008/2009, quando os recuos nas vendas para o exterior chegaram a roçar os 30%. Posteriormente, entre 2010 e 2012, o sector conseguiu inverter a situação, com crescimentos mensais robustos, mas acabou por entrar, em 2013, num comportamento errático de subidas e descidas, que acaba com os 9% de recuo em Maio passado, isto apesar de algumas das principais marcas, como a Cartier e a TAG Heuer terem baixado os preços dos seus equipamentos de forma significativa.

O definhamento das ordens de compra dos importadores em Hong Kong (-33,6% no mês passado para 220 milhões de euros), que representam 13,3% das vendas da indústria para o exterior, é visto como uma das razões que mais contribuíram para o resultado final. O mercado norte-americano também recuou para 160 milhões de euros, em quebra de 14% face ao mesmo período do ano anterior.

Com base nestas evoluções, o acumulado nos cinco primeiros meses do ano entrou em terreno negativo face ao período homólogo, embora de forma ligeira (-0,3%).

A entrada em cena do relógio lançado pela Apple é vista pelos especialistas como outra das razões que pode ter contribuido para a performance menor da indústria que é uma das imagens de marca da Suíça e uma importante fonte de receitas externas. A companhia liderada por Tim Cook lançou o seu relógio em Abril e notícias desta semana assinalam que as vendas podem ter atingido já os 2,8 milhões de unidades, havendo especialistas que estimam que até ao final do ano esse número possa subir até aos 10 milhões.

A aposta da companhia de Califórnia é muito forte e já envolveu a cantora Beyoncé, que colocou no Instagram uma foto em que mostra no pulso o modelo de topo, dourado, do Apple Watch.

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