Mota-Engil concluiu venda do grupo Tertir por menos 30 milhões

Valor do negócio "encolheu" para 245 milhões por falta de conclusão das renegociações em curso relativas ao Terminal de Contentores de Leixões.

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Terminal de Leixões Nelson Garrido/arquivo

Depois de no passado dia 5 de Fevereiro ter recebido luz "verde" por parte da Autoridade da Concorrência, o grupo Mota-Engil comunicou esta sexta-feira ao mercado a conclusão da venda do grupo Tertir aos turcos da Yldirim, por 245 milhões de euros.

O valor agora anunciado reflecte uma diminuição de 30 milhões de euros face àquele que foi divulgado em Setembro, quando o negócio se tornou público. E, segundo o comunicado agora enviado à Comissão do  Mercado de Valores Mobiliários, esta diferença de valores é explicada pelo facto de ainda não ter sido concluído o processo de renegociação da Concessão do Terminal de Contentores de Leixões (TCL) e que está incluída no perímetro da venda.

Como recorda o grupo liderado por Gonçalo Moura Martins, o TCL “tinha por objecto a realização de um significativo investimento por parte da concessionária, por contrapartida do reequilíbrio económico-financeiro da concessão em cumprimento da lei e do contrato”, e essa renegociação não foi concluída.

Esse investimento, realizado apenas num quadro de renegociação da concessão do TCL, valorizava a empresa agora adquirida pelos turcos, explicou ao PÚBLICO fonte da construtora.

Em causa estava a ampliação do terminal que inicialmente estava orçado em 17 milhões de euros e deveria ser suportado pela administração portuária. Posteriormente, e para incorporar as orientações do Plano Estratégico de Transportes e Infra-estruturas (PETI), passou a ser imputado ao concessionário, e o montante de investimentos superava os 45 milhões.

As renegociações nunca chegaram a ser concluídas, e os objectivos então impostos pelo secretário de Estado dos transportes, Sérgio Monteiro, também não. A nova ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, pediu informações às autoridades portuárias antes que todos os processos fossem concluídos.

Tal como o PÚBLICO avançou na altura, o mote para a venda do negócio dos portos foi dado pelo Novo Banco, que "herdou" a participação de 36,87% detida pelo BES. O banco liderado por Stock da Cunha também anunciou ontem a alienação desta participação e espera que a operação fique fechada “até ao final do ano corrente”. O Novo Banco sublinhou que a venda terá “um impacto positivo nos resultados líquidos, rácio de solvabilidade e de liquidez” da instituição.

Na altura, a Mota-Engil, disse que esta venda acontecia “na sequência da decisão estratégica de saída do segmento portuário em sintonia com o reforço recente que o grupo fez no segmento de resíduos” (tendo a empresa ganho a privatização da Empresa Geral do Fomento). 

A venda de "negócios maduros", na definição do grupo de construção, incluiu a participação na Indáqua - Indústria e Gestão de Águas, ao Grupo Miya, por 60 milhões de euros, concluída há poucos dias.

A empresa tem ainda em curso à venda da totalidade ou de parte da participação de 60% que detém na Ascendi, uma operação combinada com o Novo Banco, que detém os restantes 40%, e que deverá conhecer um desfecho brevemente. Com Rosa Soares

 

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