Patriarca da Volkswagen perde batalha para afastar presidente executivo

Conselho de supervisão propõe prolongamento do contrato de Martin Winterkorn, de quem Ferdinand Piech dizia estar "distante".

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Winterkorn tem confiança reforçada

O patriarca da Volkswagen (VW), Ferdinand Piech, perdeu a guerra que tinha aberto com o presidente executivo da companhia. Depois de ter dito à revista Der Spiegel que estava “distante” de Martin Winterkorn, Piech viu o conselho de supervisão da construtora automóvel germânica reafirmar, esta quinta-feira, a confiança no CEO e propor, até, que o seu contrato, que expira no final deste ano, seja prolongado a partir de Fevereiro de 2016.

Foi uma derrota em toda a linha para Ferdinand Piech, conhecido por ser um hábil negociador que nunca parte para uma batalha sem ter consciência plena de que está na posse das munições necessárias para ganhar. Ironia do destino, a decisão foi assumida na véspera de Piech completar 78 anos e depois, em ocasiões anteriores, uma simples declaração de Piech pôr definitivamente em causa a carreira de quem o presidente visava.

Realizada em Salzburgo, onde Piech mora, e não em Wolfsburgo, a sede da VW, a reunião terminou com um comunicado em que o conselho de supervisão da companhia sustenta que Martin Winterkorn “é o melhor presidente executivo para a Volkswagen”. E, embora isso não conste do texto, é também o mais caro CEO da toda a Alemanha.

A família Piech, em conjunto com a família Porsche, controla mais de 30% do capital da Volkswagen e assume 51% dos direitos de voto na companhia. Mas estas posições de nada valeram na reunião do conselho de supervisão, que é composto por 20 elementos, dos quais 10 são indicados pelos trabalhadores e dois pelo governo da Baixa Saxónia. Esta maioria foi fundamental para derrotar as intenções de Piech e para garantir o apoio a Winterkorn.

Falta saber se esta decisão política vai pôr termo à guerra que se tinha aberto na construtora automóvel e de acelera a saída de Piech do cargo de chairman que ocupa actualmente. “Piech não costuma recuar com facilidade”, sustenta Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI, numa nota aos clientes da consultora.

A agência Bloomberg lembra esta sexta-feira que, num passado não muito remoto, Piech afirmou que a continuidade no cargo do anterior presidente executivo, Bernd Pischetsrieder, era “uma questão em aberto”. Numa primeira fase, o contrato do gestor foi prolongado, mas alguns meses mais tarde foi mesmo dispensado.

Presidente executivo da Volkswagen há cerca de sete anos, Winterkorn foi o responsável pela duplicação da facturação da companhia para cerca de 200 mil milhões de euros e conseguiu também um notável desempenho ao nível dos resultados líquidos. Nos últimos anos tem sido alvo de críticas por estar a perder fôlego no mercado dos Estados Unidos e por não estar a conseguir acompanhar a capacidade de renovação tecnológica de construtoras rivais.

A próxima prova de fogo do CEO da VW vai ser colocar em prática um doloroso plano de redução de custos na ordem dos 5000 milhões de euros, que não deixará de ter impactos no número de trabalhadores e no número de instalações fabris.  

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