Portugal recupera 15 lugares no índice global de competitividade

Estudo do Fórum Económico Mundial atribuiu melhoria ao “ambicioso programa de reforma”, mas alerta para problemas persistentes como os níveis de dívida e o défice.

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Transportes e infra-estruturas com nota positiva no índice de competitividade Daniel Rocha

Portugal subiu 15 posições no Índice Global de Competitividade elaborado pelo Fórum Económico Mundial e ocupa, agora, a 36ª posição entre 144 países. Contudo, ainda está longe dos níveis de 2002, quando ocupava a 23ª posição.

O país tem registado quedas desde 2006, apenas interrompidas em 2011 quando subiu apenas um lugar no ranking, na altura composto por 142 economias.

O estudo, divulgado nesta quarta-feira a nível mundial, combina os resultados de um inquérito a executivos com dados estatísticos oficiais e atribuiu a recuperação deste ano ao “ambicioso programa de reforma”, que na óptica do Fórum Económico Mundial parece estar a dar frutos.

“Portugal tem agora menos burocracias para a criação de empresas (ocupa a 5ª posição neste indicador) e o seu mercado laborar mostra um aumento de flexibilidade, apesar de ainda continuar muito por fazer (está em 119º). A par destas melhorias, o país pode continuar a melhorar a sua infra-estrutura de classe mundial a nível dos transportes (18ª posição) e a já muito qualificada força laboral (29º)”, lê-se no documento.

Contudo, os bons resultados obtidos não devem levar o país a baixar a guarda. “Portugal não deve ser complacente e deve continuar com a implementação total do seu programa de reforma para resolver alguns dos seus problemas macroeconómicos persistentes, provocados por elevados níveis de défice e dívida pública”, diz o relatório. Continua a haver dificuldades no acesso ao crédito e é “preciso aumentar ainda mais a flexibilidade laboral, melhorar a qualidade da educação e a sua capacidade de inovação”.

O índice avalia 12 pilares, com várias ponderações, e ao longo dos anos tem traçado o perfil de um país sofisticado a nível tecnológico, mas com dificuldades na eficiência. Os problemas mais frequentes apontados pelos gestores na hora de fazer negócios são a “ineficiência da burocracia governamental”, os impostos e o seu regulamento, o acesso ao financiamento, a estabilidade das políticas e uma “legislação laboral restritiva”. Entre os pontos mais positivos, destacam-se a qualidade das infra-estruturas, estradas, portos e aeroportos, a qualificação da mão-de-obra, nomeadamente cientistas e engenheiros, a capacidade de inovação e a ética nas empresas.

Pelo sexto ano consecutivo, a Suíça lidera o ranking e Singapura mantém a distinção de segunda economia mais competitiva do mundo. Os lugares cimeiros mantiveram-se inalterados em relação ao ano passado, mas os Estados Unidos recuperam da quinta para a terceira posição. Finlândia, Alemanha e Japão estão em quarto, quinto e sexto lugar, respectivamente.

Há seis países europeus no top dez (Suíça, Finlândia, Alemanha, Holanda, Reino Unido e Suécia), mas as economias do sul e de leste continuam a apresentar pontuações baixas. “Uma análise mais apurada dos resultados também revela que “uma nova divisão parece emergir”: países com Portugal e Grécia, com reformas estruturais em curso, estão a melhorar o desempenho, enquanto outros como França e Itália não registam grandes progressos. Aliás, na edição deste ano, Portugal ultrapassou a República Checa, a Polónia, Malta e Itália (que se manteve em 49º).

Para António Pires de Lima, ministro da Economia, a subida de posições foi “uma inversão muito positiva, num ranking que é muito visto pela comunidade internacional de investidores", disse, citado pela Lusa. Pires Lima, que falava em Lisboa durante a apresentação do relatório, sublinhou que neste “neste braço de ferro que existe entre a economia (e tudo aquilo que economicamente contribui para o crescimento e para o desenvolvimento), e a deseconomia, (tudo aquilo que contribui para o nosso atraso e descredibilização), a economia ganhou".

O Governo, continuou, tem de “trabalhar” para reduzir impostos nos próximos anos. E depois da reforma sobre o Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC), Pires de Lima espera que “a moderação fiscal possa chegar também a outras áreas, nomeadamente àqueles [contribuintes] que vivem do seu trabalho”.

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