António de Melo Pires assume desafio de conseguir quarto modelo para Autoeuropa

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Daniel Rocha

O novo director diz que vai estudar as medidas para conseguir um novo veículo, mas adianta que nunca será “a curto prazo”

Trazer um quarto modelo do grupo Volkswagen para ser fabricado na Autoeuropa é “um sonho” e “um desafio” para António de Melo Pires, mas o novo director-geral da fábrica de Palmela assumiu ontem que ainda não tem a certeza de que isso será possível.

“Primeiro vou ter de verificar como está a programação do grupo Volkswagen na Europa e a partir daí, verificar quais são as medidas que temos de tomar para conseguir trazer um quarto modelo para Portugal”, afirmou o novo responsável aos jornalistas, na cerimónia de apresentação pública antes de assumir oficialmente o cargo, no próximo dia 1 de Setembro.

Melo Pires assume também que essa medida nunca será tomada a curto prazo. “É algo que tem de ser planeado nos próximos meses e nos próximos anos”, salientou, afirmando-se “optimista” sobre a continuidade da fábrica em Portugal. A vinda de um novo produto da marca alemã para Portugal permitiria desde logo o aumento da produção da fábrica para 180 mil unidades por ano, lembrou por sua vez António Chora, coordenador da comissão de trabalhadores da empresa.

Para este responsável, reforçar o número de viaturas ali fabricadas seria importante para introduzir um terceiro turno e conseguir até aumentar o número de empregos. Neste momento, a unidade de Palmela emprega mais de 3000 pessoas.

Já o ministro da Economia, Vieira da Silva, mostrou-se disponível para apoiar a vinda de um novo modelo, “no âmbito do normativo legal e do que a Autoeuropa solicite ao Governo que faça”, como “apoios em termos de qualificação” ou “a melhoria da envolvente empresarial”. Vieira da Silva disse também que, para já, “não foi pedido nenhum apoio em concreto”, mas estas “não são decisões que sejam tomadas em parceria entre o Governo e as empresas”, salientou, em declarações aos jornalistas.

“É importante que se diga que a produção está a crescer e vai recuperar níveis muito interessantes em 2010”, disse também Viera da Silva, para quem “o quarto volume seria decerto um suplemento muito importante para a economia da empresa e para a economia portuguesa”. Na fábrica de Palmela, produziram-se nos primeiros sete meses do ano 54.903 unidades, mais de metade das 100 mil que a empresa tem como meta até ao final de 2010. Em causa estão o Scirocco (Coupé), o VW Eos, a VW Sharan e o Seat Alhambra (irmão-gémeo da Sharan). Inaugurada em 1995, num investimento de 1970 milhões de euros, a Autoeuropa (no topo dos exportadores nacionais) tem actualmente uma capacidade instalada de 197.800 carros por ano, mas em 2009 a produção limitou-se a pouco mais de 86 mil viaturas. O pico de produção registou-se há mais de dez anos, em 1998, quando a unidade portuguesa do grupo alemão chegou às 138.890 unidades. Mas até 2003, das portas da Autoeuropa saíram anualmente mais de 100 mil unidades.

Quanto ao novo director-geral, o primeiro português que estará à frente dos comandos da Autoeuropa, iniciou-se como quadro do grupo Volkswagen em Palmela, em 1992 (antes da entrada em laboração da nova fábrica), e era desde 2007 director da fábrica de Curitiba, no Brasil.

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