Vou votar na raposa

É inteligentíssimo. É mentiroso. Tem sentido de humor. É dúplice. É brincalhão. É volúvel. É um democrata. É fingido. É trabalhador. É um bisbilhoteiro. É animado. É intriguista. É despachado.

Não é um snob nem um preguiçoso nem um amigalhaço dos ricos ou dos bem nascidos. Pelo contrário. É um verdadeiro social-democrata. Favorecer a injustiça e a desigualdade para defender um elitismo oco e self-serving é uma coisa estúpida para uma pessoa que se interessa 100 por cento por política e 0 por cento por dinheiro.

É inteligentíssimo: é esta a maior e mais rara das qualidades dele, que ele mais tenta disfarçar, por não ser a qualidade mais popular que por aí há.

Pode muito bem ser uma víbora ou, menos gloriosamente ainda, o Diabo em pessoa. Não foi em vão – nem sem tremer um pouco – que escolhi o D maiúsculo.

Mas lá está: sendo seguramente, de todos os candidatos, o menos obviamente bondoso, é o único que tem a inteligência bastante para perceber que a bondade dele ganha mais por ser estratégica do que por ser natural. Pensa que eu sou maluco. Foge de mim nos aeroportos. Elogia os meus livros sem os ter lido. É um aldrabão. É um manipulador. Mas, por outro lado não é à toa que ele diz bem, como interesseiro astuto que é, de quem lhe pode fazer bem.

Vou votar nele. Merece ser eleito. Se ele tiver um coração como acredito, apesar de tudo, que tem, óptimo. Se não tiver então que seja eleito só pela inteligência. E pela diversão.

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