Uns têm, outros não

“Força de espírito que permite ultrapassar o medo e combater o perigo ou fazer frente a situações ameaçadoras.” É assim que o dicionário define “coragem”. Tugce Albayrak, alemã de 22 anos e origem turca, tinha essa “bravura”, essa “valentia”. Mas já não poderá voltar a demonstrá-la.

A estudante foi em socorro de duas adolescentes que estavam a ser assediadas por três homens na cave de um McDonald’s em Offenbach, perto de Frankfurt, a 15 de Novembro. Acabaria por ser agredida pouco depois por um deles, no parque de estacionamento, e ficar em coma. Os pais decidiram “desligá-la” no dia do seu 23.º aniversário (28 de Novembro), após conhecimento da “morte cerebral” da filha e da irreversibilidade do seu estado. Também eles terão precisado de “coragem”. Muita. Mas noutro sentido, o de “força de ânimo com que se enfrenta uma situação difícil, uma adversidade” e de “capacidade de dominar os sentimentos”.

Menos corajosas foram as vítimas de assédio (talvez menores), que tardaram em aparecer para depor.

Mais de mil pessoas acompanharam “o cortejo fúnebre até à mesquita da pequena cidade, e a cerimónia foi transmitida em directo pelo canal de notícias NTV”, noticiou-se na quarta-feira. Continuam as vigílias “em honra de Tugce, a heroína alemã”.  Perto de 170 mil pessoas assinaram uma petição online para que o Presidente, Joachim Gauck, lhe atribua a medalha de mérito. O Presidente disse que ia considerar, pois a distinção não é atribuída postumamente.

Precisará de alguma “coragem”, ou seja, “vontade”, “determinação”, “força interior para levar a cabo alguma coisa”. Mas sem riscos.

Sugerir correcção
Comentar