O que fica do que passa

A frase que, em tempos, Eduardo Prado Coelho escolheu para as suas crónicas no PÚBLICO veio-nos à “memória” precisamente quando queríamos falar dela. É plágio, sim senhor. Apenas possível pela “capacidade de conservar e de evocar experiências e conhecimentos de eventos passados, que se manifesta nos hábitos e nas lembranças”, como explica o dicionário quando define este substantivo feminino singular.

“Lembrança” e “recordação” são sinónimos de “memória”. Nos finais de ano, não se consegue escapar às listagens de acontecimentos relevantes: os de “boa memória” (que deixaram recordação positiva) e os de “má memória” (recordação triste ou desagradável).

Talvez o cronista que mais se esforça por nos manter sempre a “memória” activa seja José Pacheco Pereira, a que junta o exercício da reconstituição cronológica. “Tenho insistido nesta questão da cronologia rigorosa, até porque ela nos ensina muitas coisas sobre como é que evoluiu o processo nestes seis anos de lixo e, por isso, altera a nossa percepção sobre as relações de causa e efeito. Não é uma tarefa que possa ser feita apenas puxando pela memória, porque a poluição do que aconteceu por interpretações políticas a posteriori é grande”, escreveu a 27 de Dezembro. E lembrou “a perda de memória que os media trazem à sociedade”.

“Memória de grilo”, “de galo” e “de pintainho” significam “memória fraca”. No Alentejo, a palavra também quer dizer “vento frio e cortante, vulgarmente conhecido por barbeiro”.

Um dos sinónimos de “memória” é “memorando”. Mas esse é para esquecer.

Sugerir correcção
Comentar