O medo do dinheiro

3Os incêndios enchem-nos de medo. Mas não somos nós - a grande, grande maioria de pessoas - que temos de trabalhar para combatê-los. Nós podemos fugir.

É fácil dizer que é preciso fazer mais: é preciso fazer mais. Está dito. Nada feito mas está dito. Agora posso voltar a falar. Para dizer que parece impossível que nada tenha sido feito, apesar de eu ter dito aqui que era preciso fazer mais.

E eis a altura para lembrar, por exemplo, que não me esqueci. Ou para jurar, com o necessário heroísmo, que continuarei a insistir que é preciso fazer mais até ao dia em que mais se fizer. Finalmente - mas só pela primeira vez - resta-me dizer que não me calarei.

Os incêndios enchem-nos de medo. Mas não somos nós -  a grande, grande maioria de pessoas - que temos de trabalhar para combatê-los. Nós podemos fugir. Nós podemos proteger-nos. Nós podemos pedir que outros se responsabilizem. O mínimo que podemos fazer é agradecer - e a maneira social de agradecer não é com palavras: é com boas condições de vida.

Chamemos bombeiros a todas as pessoas com que contamos no caso de um azar. O azar pode ir de uma pequena urgência médica ou policial até à maior das tragédias. Para essas pessoas o mês de Agosto não é, no minímo, um mês de despreocupação e de lazer. Estar de prevenção cansa quase tanto como trabalhar. Tal como as pessoas, as coisas - máquinas, procedimentos, pormenores - têm de estar prontas para o previsível e para o imprevisível. São os mesmos bombeiros que fazem isso, a todas as horas, todos os dias.

Pensar neles não chega. Porque é que não se paga melhor a estas pessoas? O dobro, por exemplo. É só dinheiro. Elas merecem.

 

 

 

 

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