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Em muitos países, as crianças recebem ainda treino militar nas escolas Mahmoud Zayat/AFP

A Coligação para a Erradicação da Utilização de Crianças-Soldado denunciou a utilização de milhares de crianças em forças armadas e milícias no Médio Oriente e Norte de África.

Numa conferência de três dias realizada sobre o tema, a associação apresentou denúncias de crianças a lutarem em grupos de oposição armados na Argélia, Egipto, Irão, Iraque, Sudão, Turquia e Iémen. Em muitos países, as crianças recebem ainda treino militar nas escolas.

"O desafio é agora assegurar que tal exploração e abuso seja impedido de acontecer nas gerações futuras", afirmou o coordenador da coligação, Rory Mungoven.

No relatório apresentado na conferência, a coligação considerou que o conflito no Sudão é um dos mais problemáticos no que diz respeito à utilização de crianças-soldado. Milhares de crianças, que chegam a ter apenas doze anos, têm sido forçadas a alistarem-se nas forças armadas e grupos de oposição.

Quanto ao caso da Palestina, a coligação afirmou que não existem provas de que crianças palestinianas estejam a ser recrutadas ou usadas sistematicamente pela Autoridade Palestiniana ou grupos armados para participarem na Intifada. Na Argélia, os grupos armados fundamentalistas islâmicos têm sido denunciados na recruta de crianças com menos de 15 anos. Vários grupos armados curdos do Norte do Iraque, Irão ou Turquia têm também envolvido crianças de dez anos na sua luta.

Crianças têm sido usadas como soldados ou guardas por grupos islâmicos e milícias tribais no Iémen. No Iraque, também dezenas de milhares de crianças com idades entre os dez e os 15 anos recebem treino militar, que inclui o manuseamento de armas e a luta frente-a-frente.

Os organizadores da conferência exprimiram o desejo de ver mais países seguirem o exemplo da Jordânia, Marrocos e Turquia e assinarem o Protocolo Opcional da Convenção dos Direitos da Criança, sobre o envolvimento de crianças em conflitos armados. O protocolo estabelece como idade mínima para participar directamente nas hostilidades os 15 anos. Na conferência participaram mais de cem Governos e autoridades militares e peritos das Nações Unidas e de Organizações Não Governamentais (ONG).

A Coligação para a Erradicação da Utilização de Crianças-Soldado foi fundada em 1998 por seis ONG: Amnistia Internacional, Human Rights Watch, Aliança Internacional para Salvar as Crianças, Serviço de Refugiados Jesuíta, gabinete Quaker da ONU e Terra dos Homens.

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