Governo indiano afirma que situação no estado de Gujarat está sob controlo

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As tensões entre as duas comunidades têm aumentado devido a um lugar sagrado disputado em Ayodhya Aman Sharma/AP

O Governo indiano afirma que a situação no estado de Gujarat, onde as comunidades hindu e muçulmana se confrontam violentamente há alguns dias, está sob controlo.

Segundo o ministro do Interior, Lal Krishna Advani, a violência inter-religiosa dos últimos quatro dias causou a morte a cerca de 500 pessoas.

O governante, que falou aos jornalistas em Ahmedabad, capital comercial do estado de Gujarat, realçou que a diminuição dos actos violentos das duas comunidades religiosas não é suficiente, sendo necessário restaurar o sentimento de segurança da população.

O Exército está mobilizado nos pontos mais críticos do estado — com cerca de três mil soldados nas quatro cidades — e as autoridades impuseram o cessar-fogo e restrições às emissões noticiosas, para tentar acalmar a situação. Segundo a BBC Online, a televisão paquistanesa foi banida no estado de Gujarat e o canal Indian Star News também viu as suas emissões interrompidas temporariamente.

A violência começou depois de na quarta-feira muçulmanos terem atacado um comboio que transportava hindus, na cidade de Godhra, causando a morte a 58 pessoas, na maioria mulheres e crianças. O acto levou à retaliação de hindus, que se dirigiram às áreas muçulmanas do estado de Gujarat, queimando pessoas vivas e incendiando casas.

Os hindus que seguiam no comboio eram maioritariamente membros do partido radical Vishwa Hindu Parishad (VHP) e regressavam de uma vigília num lugar sagrado disputado na cidade de Ayodhya, no estado de Uttar Pradesh. As tensões entre as duas comunidades têm aumentado porque o VHP tenciona construir um templo em Ayodhya, no mesmo lugar onde radicais hindus arrasaram uma mesquita em 1992, acto que deu origem a confrontos do mesmo género dos actuais, que causaram a morte a duas mil pessoas.

O primeiro-ministro indiano, Atal Behari Vajpayee, apelou à calma e pediu às pessoas para não reagirem a provocações. Apesar de a situação parecer normalizada em Ahmedabad, alguns residentes afirmam ter composto grupos de autodefesa e grupos hindus preparam-se para se defenderem da retaliação muçulmana. Cerca de cem muçulmanos refugiaram-se numa mesquita na zona de Kalupur, em Ahmedabad. O recolher obrigatório mantém-se nalguns bairros da cidade, mas a circulação automóvel já foi retomada.

A grande maioria dos mais de mil milhões de habitantes da Índia, que é um Estado laico, são hindus. Ainda assim, a comunidade muçulmana minoritária do país é uma das maiores do mundo.

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