Em pequenas doses

A felicidade, tal como a tristeza, é preferível em pequenas doses.

A felicidade, tal como a tristeza, é preferível em pequenas doses. Quando falam em “viver o momento”, para bebermos açúcar e álcool sem temermos as despesas que se fazem pagar em dinheiro, ressacas e doenças, aquilo que os vendedores anunciantes querem propagar não é tanto “esquece o futuro” como “já que podes morrer amanhã, gasta o dinheiro todo que tiveres a divertir-te artificialmente porque, se não tivermos azar, o consumo dos nossos produtos malignos pode lixar-te medica e financeiramente durante muito mais anos do que tu pensas”.

As outras drogas – as ilegais - não podem fazer publicidade. Mas não é por isso que deixam de ser vendidas. As drogas legais – desde os whiskies aos ansiolíticos – investem fortunas em publicidade porque as campanhas resultam em vendas lucrativas.

Daqui a 11 anos a grande canção “The Best Things In Life Are Free”, com música de Ray Henderson e letra de Buddy DeSlyva e Lew Brown, fará 100 anos de idade. O que falta acrescentar, para o título ser verdade, é “From Adverse Publicity”.

A felicidade de cada momento, por muito breve e pouco intensa que seja, tem sempre uma qualidade pura e irrepetível de “não se fala mais nisso”.

A alegria não pode ser um projecto. É rir e estar-se bem sem ser quando menos ou quanto menos se espera.

É em pequenas doses que aprendemos a viver, não obstante sabermos que nascemos e que vamos morrer. Nascer e morrer fazem-se em dois tempos.

O melhor é o que resta: a vida inteira.

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