Aleluia

O Sábado de Aleluia não compromete. Ou só um bocadinho.

Odiando a sexta-feira santa e o Domingo de Páscoa (nem que seja pela afluência aos restaurantes) como é que alguém consegue ser indiferente ao Sábado de Aleluia?

Charles Moore, no último Spectator, diz que é o único dia em que pode comer hot cross buns - arrufadas inglesas - que são os únicos buns de que ele gosta. 

É o primeiro Sábado da Primavera. Aqui na Praia das Maçãs é o delírio do Festival do Mexilhão em que, por muito pouco dinheiro, se pode comer mexilhão e beber cerveja até se ficar farto.

O Sábado de Aleluia é um Sábado e peras. É uma ponte entre a sexta-feira da morte e o Domingo da resurreição.

Todos os sábados merecem aleluias.

Deveria haver, no meio da semana - na quarta-feira, por exemplo - um dia divisório em que ninguém trabalhasse, a não ser os trabalhadores essenciais, que deveriam receber grandes fortunas por não poderem descansar.

O Aleluia do Sábado da Páscoa é uma inspiração para quem não acredita em nada que seja sobrenatural, como Deus.

Não acreditar em Deus - aos olhos de Deus, caso Deus exista e tenha olhos - não pode, por definição divina, prejudicar quem não acredita.

Todas as crenças - desde o nada ao Deus omnipotente - começam e acabam por ser coisas nas quais acreditamos. Ou não. Nem Deus nem a verdade têm alguma coisa a ver com isso: esse isso que somos nós.

O Sábado de Aleluia não compromete. Ou só um bocadinho. O que importa é sabermos manter estas distinções e não nos deixarmos levar por tudo o que nos apaga.

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