“Portugal não tem sabido valorizar a sua diáspora”

Para o líder do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, “Portugal não tem uma estratégia há 30 anos” nesta matéria.

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O líder do governo madeirense falou no primeiro painel do Fórum Madeira Global Nuno Ferreira Santos

O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, considerou hoje que Portugal tem desvalorizado o papel das comunidades espalhadas pelo Mundo. “Portugal não tem sabido valorizar a sua diáspora”, afirmou o líder social-democrata insular que interveio no primeiro painel do Fórum Madeira Global que reúne hoje e terça-feira, no Funchal, cerca de 150 elementos das diversas comunidades emigrantes madeirenses.

Miguel Albuquerque argumentou que “Portugal não tem uma estratégia há 30 anos” nesta matéria, sendo necessário tirar “vantagem” das comunidades para defender os seus interesses e deu como exemplo a África do Sul, “um país fundamental” neste continente e cuja cooperação seria “determinante” também para as situações de Angola e Moçambique.

“É preciso existir um país [Portugal] com uma nova mentalidade em relação às comunidades”, sustentou o governante regional, opinando que as “universidades portuguesas podem ter um papel decisivo”. Albuquerque insistiu que Portugal “tem de voltar-se para o exterior, apostando tudo na sua mais-valia, que é o mar, e posicionar-se como um país atlântico” e tem de “estar atento às alterações na Europa”.

O responsável também reafirmou a necessidade de ser criada “uma rede que junte as forças da ilha com as outras redes estabelecidas nas comunidades”, incluindo as segundas e terceiras gerações.

José Nascimento, representante da comunidade na África do Sul, defendeu durante um debate a necessidade de reforço da participação eleitoral dos emigrantes, propondo o aumento de quatro para oito deputados, do grupo parlamentar da emigração na Assembleia da República.

Ainda por “uma questão de justiça”, apontou que no parlamento madeirense deveria ser criado um círculo eleitoral com dois ou três deputados escolhidos nas comunidades de acolhimento.

“Solidariedade social”, “fiscalidade e investimento”, “a diáspora como afirmação da Madeira no mundo” e “a família madeirense no mundo, preocupações e anseios” são os temas em foco durante este fórum.

O secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, Sérgio Marques, destacou em declarações à Lusa a importância deste tipo de iniciativas que tinham sido interrompidas em 2013, tendo o último congresso das comunidades madeirenses acontecido em 2000.

Salientando que os madeirenses compõem uma comunidade “superior a um milhão de pessoas”, o governante realçou que “a Madeira afirma-se como uma região verdadeiramente global à conta da sua diáspora”.

“Isso tem um valor inestimável e é por isso que temos de estar mais unidos, mais próximos, com laços de coesão mais fortes para que possamos avançar todos em conjunto de mãos dadas, porque se fizermos este caminho em conjunto todos teremos a ganhar”, argumentou.

Sérgio Marques falou ainda da “preocupação” com a situação na Venezuela, atestando ter “a perceção” que a comunidade portuguesa “quer resistir, quer ficar, quer manter-se” e os que estão a sair não optam por Portugal, mas países vizinhos – Brasil, Chile, Panamá, Colômbia”, além dos Estados Unidos, Canadá”.

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