Cartas ao director e PÚBLICO ERROU

World Press Photo

“Não se esqueçam de Alepo”. Depois das balas que atingiram o embaixador russo em Ancara, Mert  Altintas deixou claro o motivo do assassinato de Andrei Karlov.  Não é qualquer activista político que mata um embaixador e não é qualquer fotógrafo que regista o momento.

Com disparo manual ou automático, o fotógrafo Burhan Ozibilici fez jornalismo. Alepo é uma das mais cruéis fotografias do mundo em que vivemos. Não se esqueçam de Alepo, nem dos familiares de Andrei Karlov, também vítimas da guerra civil na Síria. A foto que venceu o World Press Photo não promove o terrorismo. Promove a memória.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

 

Divida Pública insustentável

O FMI publicou recentemente um relatório sobre a Grécia, prevendo que a divida pública do Estado helénico ultrapasse os 170%, valor que pode exceder os 240% do PIB em 2060. Uma vez que o orçamento grego tem vindo a apresentar saldos primários positivos, o aumento do endividamento fica a dever-se ao diferencial entre a taxa de juro e o crescimento do produto, que acaba por induzir o chamado efeito bola de neve, característico de economias estagnadas, com elevados stocks de divida. A mesma situação verifica-se em Portugal, que com uma diferença entre a taxa de crescimento e os juros pagos pela divida pública próxima dos 2%, está condenado a registar uma tendência crescente do endividamento, a menos que os saldos primários do produto excedam este montante.

Ainda assim e não existindo outras formas adicionais de baixar o stock de divida pública, por via de privatizações, nem a ajuda da inflação, ambos os países não conseguirão cumprir as regras dos tratados europeus, estando condenados a décadas de austeridade infrutífera. Estes dados evidenciam a insustentabilidade da divida pública da Grécia, o que está ser utilizado como instrumento de pressão por parte do FMI junto da Comissão Europeia, para iniciar com os credores uma renegociação ou perdão dos juros e inclusivamente do grosso da divida pública.

 Porém, as instâncias comunitárias mantêm-se relutantes em aceitar um novo hair cut, uma vez que cedências desta natureza poderiam exacerbar os riscos morais (desleixe orçamental criado pelo facto de ser possível obter perdões) e aumentar a pressão de outros países procurando obterem um tratamento semelhante.

Assim sendo, mais do que um “Grexit” teremos um “FMIxist”, com a saída do Fundo Monetário Internacional dos programas de resgate aos países europeus. Sem um contrapeso importante nas negociações com Bruxelas, Portugal, Grécia, entre outros ficarão reféns dos ditames e sobretudo dos interesses alemães.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

 

PÚBLICO ERROU

No artigo “Os novíssimos exploradores da arca sem fundo”, na edição impressa de domingo, onde se lê Flávio Penedo devia ler-se Flávio Penteado. Ao visado e aos leitores as nossas desculpas

 

Sugerir correcção
Comentar