A nota 14 de Óscar Gaspar

Imagino que esta carta nunca verá a luz do dia mas cá estou. No dia 2/12, no "Notas do Director", David Dinis (DD) dá nota 14 a Óscar Gaspar (OG). Porquê? Porque este último, " presidente da APHP ( Associação Portuguesa de Hospitalização Privada ) e ex-secretário de Estado da Saúde, ganhou um trunfo extra para as negociações com o Ministério da Saúde agora que chegou a hora de decidir o que fazer às PPP na Saúde" (sic). E, continua DD, tudo isto porquê? Porque "o estudo sobre os melhores hospitais do país colocou quatro PPP entre os cinco melhores, indicando que pelo menos na prática clínica nada de mal vem desta parceria com o sector público" (sic). E, termina DD com a pergunta: "Agora, entre os privados e a esquerda, para onde vai Adalberto Campos Fernandes?" (sic).

Para começar duas coisas de "pormenor": a não identificação de PPP como acrónimo de Parcerias Público Privadas e ainda da origem do tal estudo e que é, sob coordenação de Carlos Costa, a Escola Nacional de Saúde Pública. Depois. bem mais grave, o erro ( no mínimo...) da classificação citada, pois só há um hospital PPP ( em 2º lugar) já que o de S. João (1º), o Centro Hospitalar de Lisboa Norte (3º), a ULS de Matosinhos (4º) e o Centro Hospitalar do Porto (5º) não são desse regime jurídico (creio mesmo que não há sequer cinco hospitais PPP em Portugal). Já agora, um hospital não se mede somente pela prática clínica. E a investigação e, sobretudo, a formação de internos que só é feita nos hospitais públicos? Para terminar, o facto de OG ter exercido funções governamentais num governo socialista, o segundo de José Sócrates, nada representa?

Duas ilações retiro do texto do director do PÚBLICO: os "submarinos" dos privados dentro do Estado (para o "minarem" por dentro) vão sendo tanto da direita como do Partido Socialista e a APHP continua a ser exemplo disso, na senda do anterior presidente Artur Osório de Araújo que tanta coisa dirigiu no sector público para acabar dizendo deste "o que Maomé não disse do toucinho". Bom sucessor tem em OG. Termino dizendo evidências: a separação não se faz entre "privados e esquerda" como sugere DD, mas que a "nota 14" e o texto que a apoia mostram à saciedade a guinada à dextra do PÚBLICO, com um "vale tudo" de omissões e "inverdades". Quanto à nota.... dê-lhe um 5 pois talvez o valor técnico do senhor ( tão em moda...) o valha...

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

N.D. O leitor tem razão na substância: não é nos cinco, mas nos 15 melhores serviços de saúde do país que encontramos PPP. Duas nas cinco primeiras (Braga e Cascais) e mais duas nos seleccionados finais (Loures e Vila Franca). Ficam as minhas desculpas.

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