Cartas ao director

Carta aberta à secretária de Estado do Ensino Superior

Sou um pai anónimo, encantado com a perspectiva de esta semana ter uma filha a, finalmente, começar o ensino universitário. Mas sou também um pai perplexo por só este domingo, de acordo com os procedimentos habituais da Direcção-Geral do Ensino Superior, ela ter tido conhecimento que a sua candidatura foi aceite, apesar de conhecer os resultados dos exames e respectiva média final há quase dois meses!

A senhora secretária de Estado sabe explicar-me a razão desta demora? Se existe uma alteração de localidade os candidatos têm de organizar-se, e vêem-se obrigados a fazê-lo literalmente da noite para o dia! Deixo-lhe um repto: conseguirá prometer-me que, dentro de três anos, o meu filho mais novo saberá logo em Julho onde prosseguirá os seus estudos?

Paulo Ribeiro Castro, Porto

Ponta-de-lança perdulário

Passos não sabe aproveitar os “passes de morte” de Marcelo que escancaram a baliza do adversário. Como, enquanto primeiro-ministro, se habituou a beneficiar da cumplicidade do árbitro (Cavaco), quando este foi substituído estranhou a imparcialidade do novo juiz, confundindo-a logo com uma imaginária parcialidade em favor de Costa. Não se esqueça que, “noutros tempos”, foi necessária a intervenção recorrente do vídeo-árbitro, o Tribunal Constitucional, que, às vezes, teve de reestabelecer a ordem no campo, corrigindo decisões nitidamente mal tomadas que favoreciam o infractor. Hoje, parece evidente que o problema do ex-primeiro-ministro é a falta de visão e de habilidade: não só não marca os golos de bandeja que lhe são oferecidos, como se reserva o direito de marcar na sua própria baliza. O Mourinho já lhe tinha posto uns patins há que tempos.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

Sistema de saúde privado?                                                      

Nos EUA, um em cada cinco dólares são gastos em saúde, o que constitui o valor mais elevado do mundo. Apesar de privado, o sistema de saúde americano beneficia de importantes subsídios públicos, distribuídos pelos diversos estados federais e pelo governo de Washington.

A reforma empreendida por Bush, em 2005, aumentou a possibilidade de os Estados federais financiarem — ainda mais — as clínicas e hospitais privados, para a prestação de cuidados aos reformados. Com o intuito de justificarem uma parte maior dos recursos, os milhares de clínicas e hospitais começaram a realizar enormes gastos com a aquisição de material e staff, o que levou ao crescimento dos custos médios em 25%, que foi na sua totalidade pago pelos contribuintes. Apesar do aumento dos gastos, os índices de qualidade e taxa de cobertura não sofreram qualquer alteração, o que parece indiciar má gestão e falta de eficiência. [...] Quando surgem intenções de privatizar a saúde em Portugal e tendo em conta os pequenos exemplos de parcerias, os decisores políticos deveriam prestar atenção ao potencial efeito pernicioso e à possibilidade de degradação da qualidade do serviço, sem que existam poupanças significativas dos recursos.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

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