Cartas ao director

A linguagem corporal não mente

O estudo da linguagem corporal (LC) é assunto sério, e desde Charles Darwin que há estudos científicos que afirmam esta forma de comunicar entre humanos como das mais fortes e expressivas. Isto a propósito da LC de António Costa (AC). Tivemos Salazar sempre tenso e zangado, Marcello Caetano preocupado, Vasco Gonçalves estonteado, Soares falso descontraído, Guterres palavroso, Barroso convencido, Sócrates "animal feroz", Passos distante e tenso e, finalmente, AC feliz e descontraído. Quando vemos nas TVs a imagem de AC, dois meses depois da tragédia de Pedrógão e do fiasco perigoso de Tancos, com aquele ar absolutamente descontraído, gozão (chega a tocar o desprezo com Passos Coelho), percebemos que está para ficar. Sim, caros senhores, AC descobriu a fórmula secreta de uma longa vida em democracia, neste Portugal pobre e iliterato. Isenta de IRS os portugueses que ganham pouco mais que o salário mínimo, e os restantes, empresas e trabalhadores, que paguem o resto. Enquanto alguns comentadores reclamam que todos devemos pagar impostos na proporção do que recebemos, até para darmos o devido valor às despesas do Estado, outros (sobretudo na esquerda) respondem que o problema é haver uns poucos que ganham muito. A estes últimos observo que os que estão no meio é que se tramam. Por isso, enquanto Bruxelas e as agências de rating deixarem que nos continuemos a endividar, as transferências do turismo sempre em alta vão fazer que AC continue sobranceiro e a governar sem obstáculos. Digamos em conclusão que se a direita se tivesse reorganizado em 2016, AC poderia não estar tão descontraído e feliz. Mas, infelizmente para o país, continua dividida e amarrada ao passado.

Manuel Martins, Cascais

A Autoeuropa e os direitos dos trabalhadores

A situação actual vivida na Autoeuropa é de tensão, pois os trabalhadores são ameaçados com o constrangimento patronal de trabalho aos sábados, para acudir ao aumento da produção com um novo modelo automóvel. Mas é bom que os trabalhadores estejam atentos aos seus direitos, claramente definidos na norma do art.º 59.º da CRP. E entre estes destacam-se no caso a organização do trabalho “de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar” e o direito “ao repouso e aos lazeres” e “ao descanso semanal”. São todos eles atingidos com a exigência da entidade patronal de trabalho aos sábados, o que significa mais um dia de trabalho semanal. Se a Autoeuropa tem necessidade de satisfazer o aumento da produção automóvel, então contratem novos quadros de pessoal trabalhador e não sacrifiquem os actuais trabalhadores, contra a Lei e a CRP. Os empregadores querem sempre tudo e os trabalhadores que se amanhem.

Guilherme Fonseca, Lisboa

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