Cartas ao director

Viva o 1.º de Maio, sempre

Os bravos do 1.º de Maio são os trabalhadores/ Não precisam do lacaio para serem cumpridores.// Sendo bem dirigidos produzem o quanto baste/ Não devem ser conduzidos por quem não passa de traste.// Estejam, pois, muito atentos aos sabotadores do pão/ Denunciando os intentos dos maus filhos da nação.// Maio, maduro Maio, de forte maturação/ Vamos todos para as ruas engrossar a multidão.// Este dia que é nosso que o sangue conquistou/ Seja sempre o primeiro na luta que irradiou.// Perante afrontas mil elevemos nossa voz/ P’ró capital não ser vil nem carrasco tão feroz.// Os tempos mudaram e muitas regras também,/ Mas sendo o estômago o mesmo, sem pão fome tem.// Os trabalhadores são guerreiros, transformam armas em pão,/ São os principais timoneiros que sustentam a nação.// Rebentemos as fronteiras que nos têm agrilhoado,/ Acabando com as asneiras de qualquer poder instalado!

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Os horrores da guerra

Assistimos nos últimos anos à debandada de seres humanos que se vêem forçados a deixar as suas terras, entregues à sua sorte, e explorada a sua vulnerabilidade por outros seres que em lugar de coração têm pedras, não se importando de ferir a condição humana de outros cidadãos. Os conflitos armados só beneficiam a indústria belicista que ceifa a vida a cidadãos inocentes, causa a destruição, gera sofrimento, potencia a fome e a fuga dos povos (…). Não é aceitável que estejamos todos os dias a visualizar a crueldade das imagens televisivas, da fuga, da morte, da destruição e de actos que escravizam seres humanos, como causa dos conflitos armados, quando os meios tecnológicos podem auxiliar na detecção destas barbaridades, cruzando dados que podem ser o ponto de partida para colocar um fim às mesmas. As diferenças culturais em qualquer parte do mundo não justificam o abuso dos direitos humanos, exigindo-se às autoridades com credibilidade que estudem e apliquem no terreno os meios adequados para ajudar a combater os actos desumanos gerados pela insensatez e pela falta de respeito, em que os senhores da guerra são os causadores da morte. 

Américo Lourenço, Sines

As eleições francesas

As eleições francesas, cuja primeira volta se realizou no passado domingo, foram muito importantes. Tão importantes que, sem nos apercebemos, esteve em jogo o futuro da Europa como a conhecemos: democrática, fraterna e acolhedora. Nessas eleições estiveram em campo ideias que podiam condicionar ou desenvolver o espaço mais democrático e cooperante dos últimos 60 anos no mundo. Assim, espero e apelo a todos os portugueses que se concentrem na segunda volta; não para votar, claro está, mas para se consciencializarem daquilo que poderá ser o seu futuro se as coisas não correrem bem. Numa altura em que estamos a comemorar 43 anos de uma vivência principalmente livre (…), temos a responsabilidade de reflectirmos mais sobre o que se passa ou poderá passar com os nossos parceiros europeus.

Gens Ramos, Porto

Injustiça fiscal

O Governo apela aos contribuintes para pedirem facturas das suas despesas como forma de ajudar a combater a evasão fiscal. Urge criar um enquadramento fiscal para as obras em condomínios residenciais.Com o passar dos anos são necessárias obras. É uma injustiça fiscal as despesas com obras de conservação, restauro e manutenção dos edifícios não serem dedutíveis no IRS. Afinal, para que serve pedir factura?

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Há vida para além da dívida

O Governo quer reduzir o défice e pagar os juros da dívida à custa de não satisfazer as nossas expectativas. Restringir o investimento público para pagar a dívida recorda a política anterior que foi mais “troikista” que a troika. Vem de trás e este Executivo defrauda-nos, tendo uma preocupação fanática pelo défice e estando sempre os números à frente das pessoas. Porquê?

Há milhares e milhares de reformas/pensões abaixo dos 400 euros, geradoras de pobreza. O SNS é deficitário em assistentes operacionais e incapaz em algumas valências. Os funcionários públicos voltam a não ter aumento salarial e a resolução da chaga dos trabalhadores precários é lenta, sendo o Estado o maior prevaricador, abrindo aos privados os desmandos que conhecemos. Há tanto onde usar bem o dinheiro.

O peso dos juros da dívida pública/privada atinge a colossal cifra de oito mil milhões de euros/ano! Deve ser renegociada, para que haja crescimento e não condicionalismos, aliviada a insuportável carga fiscal e proporcionada dignidade. Priorizar poupanças para a redução do défice serve os mercados, as agências de rating e a cega austeridade de Merkel/Schaüble. (…)

Este garrote escrupulosíssimo do pagamento da dívida é o oposto à falta de coragem para enfrentar Bruxelas sobre os astronómicos juros agiotas que inqualificavelmente nos esmagam! Já nos bastava o Tratado Orçamental e agora a insensibilidade social de Mário Centeno ser igual à demonstrada por Maria Luís Albuquerque. O PCP e o BE vão ter uma indigestão?

Vítor Colaço Santos, S. João das Lampas

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