Cartas à Directora

Argumentum ad hominem

Ao ler a crónica de Manuel Carvalho no Público do passado dia 17 com o título “Riu de quê, doutor Centeno?” e depois e ver a fotografia do ministro Mário Centeno na reunião dos ministros das finanças, junto dos seus pares, fico com a ideia, pela sua expressão facial, de que este se está rir e não a sorrir, possivelmente por alguma piada do sr. Schäuble naquele momento, que como todos sabemos é uma pessoa muito divertida, como a maioria dos ministros das finanças da UE.

No entanto, o autor desta crónica, especialista em risos e sorrisos, considera que a expressão do ministro Centeno está a sorrir exalando pura felicidade.

O riso, que às vezes se transforma em gargalhada, é uma manifestação de graça por algo que se diz ou se escuta naquele momento, mesmo que menos sincero, ao contrário o sorriso é um espelho do estado da alma e que traduz prazer ou felicidade.

Lendo no texto as declarações do ministro Centeno prestadas no final da reunião parece-me óbvio considerarmos não ter razões para andar feliz, pelo que os comentários sobre a expressão do ministro pelo autor, não passam de uma falácia pela introdução de um elemento sem relevância no contexto da discussão que serve apenas para fazer um juízo sobre a pessoa que em latim se chama” Argumentum ad hominem” (argumento contra a pessoa). Espero no futuro ver o autor a escrever sobre os risos e sorrisos de muita gente que anda por aí.

Luís Dinis, Porto

A mentira saiu à rua

Não posso estar mais de acordo com a crónica do dia 20 de Julho de Rui Tavares (RT) no Público sob o título " A mentira sai barata". Às vezes é preciso dizer o que nos vai na alma e RT fê-lo em nome de muitos portugueses, penso que a maioria silenciosa. Estamos fartos deste sentimento pequeno de nos autoflagelarmos constantemente, dos arautos da desgraça, dos despeitados de ontem, dos divorciados do sonho que fez de nós uma nação há 900 anos. Falo de muitos políticos com obrigações éticas de não faltarem à verdade que, despudoradamente, destorcem a verdade e mentem em público por mero despeito e rancor; falo também de muitos comentadores dos inúmeros órgãos de comunicação social que, em painéis sucessivos, dizem mal do governo atual porque talvez mereça ser castigado pela Europa porque talvez não venha a cumprir o que prometeu, do Presidente da República porque quer ser imparcial e não gasta tantos euros como os seus antecessores e apoia o governo quando é preciso e que usam o alarmismo como arma política encapotada. Sei que este fenómeno, da desonestidade no debate público, não é exclusivo de Portugal e está presente nos políticos de toda a Europa e nos Estados Unidos da América; infelizmente a mentira e o populismo "sai barato", como disse RT. (…) A tudo isto dizemos que estamos fartos desta gente, porque o povo é genuíno e sábio e assim como esteve nas ruas a festejar a vitória da seleção de futebol, também não vai em cantigas sobre os malefícios do governo.

Esperemos, em sintonia com RT, que na vida como no debate político" a honestidade volte a ser valorizada"!

José Carlos Palha, Gaia

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