Cartas à Directora

Direito a morrer com dignidade

O ‘Movimento em defesa da Despenalização da morte Assistida’ apresenta um conteúdo de beneficência e benevolência para com a irreversível doença terminal. Minha saudosa Mãe, doente oncológica terminal, nos últimos dias, perguntou-me: “Não suporto mais, quando é que termino?” Comovo-me. Não foi a tempo de ter uma morte assistida. Tê-la-ia aceite. Pretendemos ser livres para viver, devemos ser livres para morrer, numa fase agónica sem retorno. Temos o direito a não querer prolongar uma existência de exponencial sofrimento e vegetativa. Este debate, deveras importante, sobre a morte assistida, não pode e nem deve obedecer a extremismos. Há quem queira referendar este delicado assunto. Considero um extremismo. Ninguém referenda a liberdade ou o direito à existência com dignidade. Esta decisão individual não pode obedecer ao desígnio de outrem. Está em causa um direito fundamental de cada pessoa – para quem o queira – a morrer sem sofrimento e com honradez. Não se referenda a autonomia, a personalidade e direitos fundamentais. Há vozes que defendem os cuidados continuados ou paliativos para amenizar a doença terminal... Muitos médicos afirmam que, em Portugal, estes cuidados têm uma capacidade de resposta paupérrima. Gostaria de ter a honra e o prazer de assinar este Manifesto. Democrático, credível e de enorme compaixão pelo próximo. Aos seus subscritores – Bem Hajam!

Vítor Colaço Santos.,S. João das Lampas

 

Distribuir fundos comunitários

Nos primeiros dias de governo, o executivo estabeleceu como objectivo atribuir 100 milhões de euros, de fundos comunitários a projectos de investimento das empresas nacionais e pelo que consta a meta será alcançada. Apesar de considerar bastante positiva, a forma célere como o governo está a gerir os referidos fundos comunitários, é necessária alguma cautela na atribuição destas linhas de financiamento. Dado o elevado número de candidaturas, que pelos dados triplicaram em relação ao último quadro de apoio (770) existe uma forte propensão para a existência corrupção e esquemas de favorecimento, como aqueles que ocorreram com o vouchers disponibilizados para despesas com consultoria. Além disso, impõe-se a elaboração de uma análise rigorosa e criteriosa da importância e relevância dos investimentos, de forma a que sejam privilegiados aqueles que possuem mais potencial, sustentabilidade e gerem maior valor a acrescentado para o país. Atribuir de forma abrupta os fundos comunitários, apenas por motivos eleitoralistas poderá dar aso a erros, fraudes e injustiças, contribuindo para inviabilizar projectos de qualidade e degradar o melhor instrumento de financiamento da economia de que actualmente o governo dispõe. Espero que o executivo tenha aprendido as lições dos quadros de apoio comunitários anteriores e com o destino de muitos dos projectos e empresas que beneficiaram destas ajudas no passado.   

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

Sugerir correcção
Comentar