Cartas à Directora

Direita, bombo da festa!

Quando nos últimos 4 anos a direita esteve no poder, de forma absoluta, ou seja com a Presidência, a Assembleia e o Governo, foi um autêntico bombo da desta, pois as oposições não descansaram no sentido de destruir o voto popular e antecipar o vencimento normal dos mandatos. Com muita dificuldade, apesar das conhecidas incompatibilidades políticas anteriores de Passos e Cavaco, lá conseguiram pela primeira vez na história da nossa democracia, que um governo de coligação cumprisse integralmente o seu mandato. Agora, as diferentes esquerdas conseguiram na AR uma reviravolta nas tradições e práticas de 40 anos , "inventando" um governo depois de terem perdido as eleições. Não contentes (os políticos nunca estão saciados de poder) querem também dominar a presidência. Assim, nos recentes debates, o "tiro ao Marcelo" tem imperado, prejudicando o conhecimento dos programas e pensamentos dos próprios candidatos presidenciais da esquerda. Todos falam de Marcelo, falando pouco deles próprios. Assim a direita política e os seus agentes políticos, continuarão sempre debaixo de fogo, quer estejam no poder quer na oposição. A esquerda, quer em Portugal quer no estrangeiro, consegue aparecer sempre como que "ungida", "abençoada", e perante qualquer "pecado" ou falha, tudo se lhe deve perdoar, porque é pura. A direita, pelo contrário, tem sempre qualquer coisa de pecaminoso, por isso à menor falha ou omissão, tudo lhe cai em cima. Eu espero que esta paciência ecuménica, depois um dia nos leve aos Céus, porque na Terra, já nada esperamos de bom.

Manuel Martins, Cascais

 

Aumentos desnecessários

Todos sabemos que quando aumenta o salário mínimo, aumentam todos os serviços e bens de consumo. É assim todos os anos.

Este ano não foge à regra. Regra que se aceita de bom grado no que diz respeito ao aumento do ordenado mínimo, mas já é discutível quanto ao resto.

Na verdade, todos os anos as empresas justificavam a aumento dos seus produtos e serviços com o aumento dos combustíveis. Acontece que, presentemente, os combustíveis sofreram uma redução de mais de 50%. Mas as empresas continuam a subir os preços a partir do 1 de Janeiro. O que é um contrassenso e um abuso, a que nenhum governo põe freio. E não põe, porque não há governo que nos governe e defenda os interesses dos cidadãos deste pobre país.

Este ano vão aumentar os seguintes preços, além dos de  outras empresas: a eletricidade 3,5 %; a água, 0,33%; as telecomunicações, -2,5%; as portagens, 10%; as rendas, 0,16%. A que título?

Acontece que mesmo as empresas protegidas dos sectores não transacionáveis, como a EDP, por exemplo, um monopólio escandaloso, que todos os anos tem lucros de milhões, podiam não aumentar os preços e, até, baixá-los. Mas a EDP prefere, com o governo caladinho, aumentar ao lucros à custa dos contribuintes,  para, no fim, distribuir pelos seus administradores a acionistas. Os clientes, a razão de ser da empresa, fica a ver navios. O que é uma aberração antidemocrática a que se devia pôr fim. Quer dizer: Costa dá com uma mão e as empresas tiram com a outra. Ainda há quem chame a isto uma democracia!

Artur Gonçalves, Sintra  

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