Lepra infecta duas mil pessoas por dia

A lepra continua a afectar milhões de pessoas e a infectar diariamente 2000, apesar do tratamento na fase inicial custar entre cinco e dez contos, anuncia a Organização Mundial de Saúde (OMS), que hoje assinala o dia mundial da doença. Em Portugal há um milhar de doentes.

Em dez anos, o número de casos de lepra diminuiu em 90 por cento graças a uma terapia composta por três medicamentos - Rifampicina, Clofazimina e Dapsona - que permite parar a progressão da doença. Mas, no final de 2000, a lepra punha ainda em risco a saúde pública em 15 países, incluindo Angola, Libéria, República Centro Africana e República Democrática do Congo, devido à situação de conflito e pobreza. Na Europa, a doença subsiste em zonas degradadas da Grécia, Turquia, Itália, Espanha, Portugal, Roménia e Rússia.
Serão cerca de mil os casos de lepra em Portugal, revela a Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau (APARF). A doença afecta essencialmente idosos e, tal como no resto do mundo, "pessoas pobres, que vivem em condições degradadas e dependem da caridade", explica o presidente da APARF, João Ferreira.
O responsável diz ser preciso "acabar com o estigma" que ainda rodeia a doença e leva os infectados pelo bacilo a recorrer ao médico apenas quando a lepra está já em estado avançado.
A doença, pouco contagiosa, ataca o sistema nervoso periférico e os primeiros sintomas são o aparecimento de manchas vermelhas nos braços, mãos e rosto. Com um diagnóstico precoce, o tratamento pode ser feito em seis meses com um preço que varia entre cinco e dez contos (10 e 20 euros).
Caso a doença esteja já avançada, com o sistema nervoso periférico afectado, o tratamento pode demorar dois anos. Quando já existem lesões no sistema nervoso, a doença torna-se irreversível e os doentes acabam normalmente amputados nas extremidades dos corpo - pés, mãos ou orelhas.
Também conhecida como doença de Hansen, o norueguês que identificou o bacilo em 1873, a lepra propaga-se através das vias respiratórias e, em casos mais raros, da pele. A OMS esperava que o bacilo estivesse erradicado no ano 2000. Um prazo agora alargado para 2005.

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