Telma Monteiro regressa em Zagreb. E pensa em Paris

Cinco meses depois, a atleta do Benfica volta a competir nos Europeus de judo, que se iniciam nesta quinta-feira na capital da Croácia.

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Telma Monteiro foi campeã mundial em Lisboa 2021 NUNO VEIGA / LUSA
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Foi há 20 anos que Telma Monteiro se estreou nos Jogos Olímpicos, em Atenas 2004, a vencer dois combates e a prometer grandes coisas. E não iria faltar a essas promessas. Mas também foi há 20 anos que Telma se estreou em Campeonatos da Europa de judo, onde conquistou a sua primeira medalha em competições de seniores, um bronze na categoria de -52kg. Em 2024, Telma Monteiro fará em Zagreb o seu regresso aos tatami numa competição onde é a recordista feminina de medalhas individuais (15, das quais seis de ouro) e a pensar numa sexta presença olímpica lá mais para o Verão, em Paris. Que também seria histórico.

Telma Monteiro já não combate desde Novembro do ano passado, precisamente desde os Europeus de Montpellier. Logo ao primeiro combate, frente à russa Daria Kurbonmamadova, a portuguesa lesionou-se com gravidade, uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo que obrigou a uma cirurgia e a cinco meses de reabilitação. Volta agora à competição, para ter um dia longo nos tapetes croatas, mas com um objectivo maior, o de relançar a sua campanha rumo aos Jogos. Depois de cinco meses parada, Telma tem algum terreno para recuperar. E já não tem muito tempo.

À entrada para este Europeu, a portuguesa está em 24.º lugar no ranking olímpico em -57kg. Está fora do apuramento directo, mas tem, para já, um lugar nos Jogos por via de realocação de quota – mas pode perder esse lugar, dependendo do que outros fizerem. Para subir no ranking, precisa de pontos e quanto mais combates ganhar, mais pontos conquista – podem ir desde os 70, por ganhar um combate, aos 700, por conquistar a medalha de ouro.

Para a portuguesa, que ficou isenta na primeira ronda, esse caminho vai começar frente à britânica Lele Nairne, que está um lugar acima no “ranking”. Não sendo uma adversária habitual, a portuguesa já a defrontou por duas vezes e ganhou – nos Mundiais de Tóquio, em 2019, e no Grand Slam de Antália, em 2022. Para além destes Europeus, ainda haverá mais três eventos onde Telma Monteiro poderá amealhar pontos para o ranking, todos em Maio, os Grand Slam do Tajiquistão e Cazaquistão, e os Mundiais de Abu Dhabi. E só depois disto é que saberemos se Telma Monteiro vai conhecer a sua sexta aldeia olímpica, depois de Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio de Janeiro 2016 (onde conquistou uma medalha de bronze) e Tóquio 2021.

“Foram cinco meses de muita luta, muito trabalho, extrema dedicação, lágrimas, dor e suor, para poder voltar à competição, o melhor possível a tempo de concluir o meu objectivo. Desde o primeiro dia senti e sabia, sabíamos, do desafio que estava à nossa frente. Foi duro. Mas o momento chegou! Volto à competição dia 25 de Abril no Campeonato da Europa. Não poderia ser num dia mais bonito”, escreveu há poucos dias na sua conta de Instagram.

Telma Monteiro é uma das 15 atletas portuguesas a competir na capital da Croácia. Estarão em Zagreb quatro dos cinco melhores portugueses em termos de ranking, Catarina Costa (7.ª em -48kg), Rochele Nunes (9.ª em +78kg), Jorge Fonseca (10.º em -100kg) e Patrícia Sampaio (15.ª em -78kg), sendo a excepção Bárbara Timo (12.ª em -63kg) – a judoca optou por não estar nos Europeus por prevenção, para recuperar de um estiramento, mas já irá participar no Grand Slam do Tajiquistão, entre 3 e 5 de Maio. Também em Zagreb estará João Fernando, que, neste momento, está em 21.º no ranking e tem lugar em Paris por via da quota continental, mas que tem tido bons resultados nas últimas provas do circuito e pode bem ascender a um lugar de apuramento directo.

Estes serão os principais candidatos às medalhas nesta 74.ª edição do torneio continental. Portugal tem um palmarés rico na competição, com 42 medalhas conquistadas (15 delas por Telma Monteiro), das quais 11 foram de ouro. Nos últimos Europeus, Catarina Costa ficou com a medalha de prata em -48kg – perdeu na final com a francesa Shirine Boukli, igualando o resultado que tinha alcançado nos Europeus de Sófia, no ano anterior. Também em Montpellier, Patrícia Sampaio ficou com um dos bronzes em -78kg, batendo a neerlandesa Guusje Steenhuis.

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