Sindicato quer investigação ao ajuste directo do INEM à empresa que opera helicópteros

Empresa reduziu os turnos de dois helicópteros para 12 horas. INEM diz que dentro de seis meses será possível regressar aos quatro helicópteros disponíveis 24 horas por dia.

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Dois dos quatro helicópteros do INEM deixaram de operar durante a noite Daniel Rocha (arquivo)
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O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) defende uma investigação ao contrato de ajuste directo assinado pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) com a empresa Avincis para a operação dos helicópteros no primeiro semestre de 2024.

Em comunicado enviado às redacções, o SPAC exige o apuramento de responsabilidades, nomeadamente porque a Avincis não estará a assegurar o serviço 24 horas por dia em todos os helicópteros. Nesse sentido, o INEM questiona se "houve também uma redução proporcional dos milhões pagos" à Avincis.

Segundo o organismo sindical, o dispositivo constituído por dois helicópteros a operar turnos de 24 horas (desde as bases de Macedo de Cavaleiros e Loulé) e outros dois helicópteros em turnos de 12 horas (nas bases de Viseu e Évora) não está a ser cumprido. Por causa disso, um doente crítico não terá tido acesso ao transporte de helicóptero desde a base de Viseu no período nocturno do primeiro dia de 2024.

Denuncia também a existência de pilotos sem escala em Janeiro para os helicópteros (modelo Aw109) com turnos de 12 horas nas bases de Viseu e Évora, para os quais foram escalados 20 pilotos, alegando que vão efectuar apenas seis dias de trabalho.

"O SPAC estranha este reajustamento dos helicópteros de emergência médica, com a justificação dada e aceite pelo INEM, de ser motivado pela falta de pilotos. Mas, perante estes paradoxos, tudo parece indicar que apenas está a servir para a empresa "punir" os pilotos do Aw109, pelo facto de estes terem exigido à Avincis o cumprimento da legislação, durante o ano de 2023", pode ler-se na nota divulgada.

Sublinhando a importância de assegurar a transparência do contrato, o sindicato desafia ainda o INEM a revelar as duas propostas que recebeu de empresas para o serviço de operação dos helicópteros de emergência médica.

O INEM anunciou na quinta-feira uma redução para metade dos helicópteros em serviço no período nocturno, explicando que o ajuste resulta de, numa consulta de mercado, o instituto só ter recebido duas respostas, uma delas com a solução que se vai implementar a partir de Janeiro.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do INEM, Luís Meira, explicou que o valor disponível para este serviço passou de 7,5 para 12 milhões de euros anuais. Acrescentou, relativamente às duas propostas recebidas, que uma empresa apresentou valores acima do limite e a outra - a actual - indicou que só poderia manter dois helicópteros 24 horas por dia.

Luís Meira disse esperar que esta situação dure no máximo seis meses e que após concurso internacional se regresse aos quatro helicópteros disponíveis 24 horas por dia.

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