Ministra quer mais habitação pública mas avisa que “não há uma bala de prata”

Marina Gonçalves reconheceu que Portugal é dos países com menor parque habitacional público.

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A ministra da Habitação, Marina Gonçalves Miguel Rato Radio Renascenca

A ministra da Habitação reconheceu este sábado a importância de aumentar o parque habitacional público em Portugal, mas avisou que "não há uma bala de prata" para os problemas da habitação e que a solução passa por "vários instrumentos".

"Não há uma bala de prata para os problemas da habitação, temos que encontrar vários instrumentos", defendeu Marina Gonçalves, numa intervenção na Academia Socialista, que decorre até domingo em Évora.

A governante foi questionada pelos jovens presentes na sala sobre a actual crise na habitação, começando por realçar que este problema não é exclusivo de Portugal. Na opinião de Marina Gonçalves, o país só compara mal com outros da União Europeia no que toca ao parque habitacional público, reconhecendo que Portugal é dos países com menor resposta neste âmbito.

A ministra admitiu que, caso Portugal tivesse mais habitação pública, teria menos dificuldade em responder a esse desafio, mas alertou que essa não é uma solução exclusiva, sustentando que até os Países Baixos - "que têm um grande parque habitacional público" - enfrentam "exactamente os mesmos problemas", relatando uma conversa recente que teve com o seu homólogo daquele país.

Sobre o programa Mais Habitação - vetado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e que o PS já anunciou que vai confirmar na Assembleia da República -, Marina Gonçalves salientou que nenhuma das medidas é "na verdade pioneira, ainda que às vezes no debate público pareça ser".

"Mas são medidas que noutros países estão já em vigor, estão em discussão, e todos os dias vamos vendo novas medidas muito semelhantes àquelas que vamos discutindo em matéria, não apenas de alojamento local, mas essencialmente de regulação de mercado", acrescentou.

A governante salientou que "uma parte muito importante" deste pacote de medidas do Governo "é o equilíbrio", defendendo que não se pode discutir habitação "sem perceber como é que ela convive de forma sã com o turismo, porque há aqui um ponto em que eles convergem, ou pelo menos em que se tocam".

O debate foi moderado pelo eurodeputado Pedro Marques e contou com a participação da presidente da Câmara Municipal da Amadora, Carla Tavares, que também insistiu na necessidade de equilíbrio nas políticas de habitação, dizendo que "o turismo não pode ser de repente o responsável por todos os males da humanidade".

Recusando debates extremados sobre o tema, Marina Gonçalves disse que "é muito difícil" fazer a discussão das medidas a nível político "quando do outro lado o que temos é 'vamos expropriar' e 'vamos acabar com o turismo'".

A ministra da Habitação realçou que o Governo definiu em 2015 o tema como uma "prioridade das políticas públicas" e que esta "não é uma prioridade nova".

"E continuamos a fazê-lo, e por isso é que continuamos a querer que este diálogo seja feito também a nível europeu", realçou, depois de na semana passada o primeiro-ministro, António Costa, ter enviado à Comissão Europeia várias prioridades do país para 2024, entre as quais uma iniciativa europeia de habitação acessível.

Marina Gonçalves referiu ainda o exemplo de um centro de saúde no concelho da Amadora, fechado há dez anos e que está devoluto, que até ao final do ano, "se tudo correr bem", vai ser disponibilizado para habitação.

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