Jovens que agrediram imigrantes em Olhão ficam em prisão preventiva

Rapazes de 16 anos são suspeitos de agredir com violência e roubar não só imigrantes, mas também um sem-abrigo. Tribunal alega perigo de continuação da actividade criminosa, entre outros motivos.

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Os três jovens de 16 anos suspeitos de agredir e roubar não só imigrantes, mas também um sem-abrigo em Olhão, vão ficar em prisão preventiva, a aguardar o desenrolar do processo judicial em que são arguidos. Ofensas à integridade física qualificadas, roubo e, num dos casos, dano com violência são os crimes imputados aos arguidos.

De acordo com a PSP de Faro, são “os mais activos e violentos” de um grupo composto por oito rapazes e três raparigas, todos estudantes e residentes na cidade algarvia, com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos. Foram descobertos depois da divulgação de um vídeo nas redes sociais em que agrediam um imigrante nepalês de 26 anos acabado de sair do restaurante onde trabalhava.

Derrubaram-no com pontapés, espancaram-no, bateram-lhe com um pau. Um deles tentou atear fogo ao cabelo da vítima com um isqueiro, enquanto a vítima suplica que parem de o agredir e lhe devolvam os documentos. No vídeo, os jovens usam capuzes e os seus rostos não são bem visíveis, mas imagens de videovigilância permitiram às autoridades reconhecê-los.

A PSP visualizou mais de 20 mil vídeos, bem como centenas de horas de imagens recolhidas pelas câmaras do circuito de videovigilância instaladas na cidade de Olhão, tendo também ouvido várias testemunhas.

O sucedido levou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a pedir desculpa ao imigrante nepalês.

Para optar pela privação de liberdade dos jovens, o Tribunal de Faro alega existir perigo de continuação da actividade criminosa, risco de perturbação da tranquilidade pública e ainda perigo de perturbação da investigação dos factos. Ainda assim, é provável que esta medida de coacção venha a ser alterada para prisão domiciliária com pulseira electrónica, desde que as respectivas residências tenham condições para tal.

“O meu cliente tem chorado e chama pela mãe”, conta o advogado de um dos rapazes, André Caetano. Só um dos arguidos falou durante os interrogatórios, para assumir parte dos factos que lhe foram imputados. Os suspeitos frequentam o 11.º ano, pelo menos um deles no ensino profissional.

No que diz respeito aos restantes membros do grupo, a situação dos que tiverem menos de 16 anos será decidida pelo Tribunal de Família e Menores, uma vez que ainda não têm responsabilidade criminal. Quanto aos parceiros mais velhos, a serem condenados deverá ser-lhes aplicado o regime previsto para os jovens delinquentes, mais brando do que aquele que pune os adultos que cometem crimes.

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