Jelena Ostapenko e Elena Rybakina saem do esquecimento

Eliminação de Iga Swiatek na primeira semana faz deste Open da Austrália uma edição histórica.

Foto
Jelena Ostapenko Reuters/CARL RECINE

Jelena Ostapenko conquistou o seu único título do Grand Slam há quase seis anos, derrotando na final a grande favorita Simona Halep, e, desde então, só teve resultados de realce em Wimbledon e por duas vezes (em 2017 e 2018). Elena Rybakina foi a surpreendente vencedora da última edição do Torneio de Wimbledon, mas como nessa prova não foram atribuídos pontos para o ranking, manteve-se discretamente entre o 21.º e o 26.º lugar da hierarquia mundial. As duas campeãs tinham caído no esquecimento e não faziam parte da esmagadora maioria das listas de favoritas a vencer o Open da Austrália. Mas com o sorteio a colocá-las frente a frente na próxima ronda, só uma poderá avançar para as meias-finais e perseguir um segundo título do Grand Slam.

Rybakina aproveitou a experiência de actuar nos grandes palcos – perdeu com Ashleigh Barty no Open da Austrália de 2022, na mesma Rod Laver Arena – e o conhecimento de Iga Swiatek desde os tempos de júnior, para realizar uma exibição sólida e conseguiu pressionar a adversária antes que esta fizesse-lhe o mesmo.

“Claro que quando defrontamos a número um não temos nada a perder. Sabia que tinha de ser agressiva desde a primeira bola, porque ela é muito boa a movimentar-se e a defender, e funcionou muito bem”, resumiu Rybakina, após vencer um raro duelo entre campeãs de majors em título, por 6-4, 6-4.

A tenista nascida em Moscovo há 23 anos e a jogar sob a bandeira do Cazaquistão desde 2018, já somava três vitórias sobre adversárias do top 3 e nove sobre top 10, mas nunca vencera a líder do ranking. E logo Swiatek, incontestável líder do ranking após triunfar, no ano passado, em Roland Garros e US Open. Com a derrota da polaca, esta é a primeira vez na Era Open (desde 1968) que os cabeças de série n.º 1 dos torneios masculino e feminino (Rafael Nadal e Swiatek) são eliminados antes dos quartos-de-final no mesmo torneio do Grand Slam.

Se Swiatek era a principal favorita, Coco Gauff vinha imediatamente na linha seguinte. Mas Jelena Ostapenko esteve “injogável”. A sua capacidade de fazer winners de qualquer parte do court e a qualquer momento e a estratégia de não prolongar os pontos, impediu que a talentosa norte-americana de 18 anos impusesse o ténis de ataque que a colocou, aos 18 anos, no sétimo lugar do ranking. Segundo as estatísticas do torneio, dos 375 pontos disputados por Ostapenko no Open, somente 17 duraram mais que oito pancadas.

“Estou mais madura e já não tento fazer ‘winners’ malucos”, avisara a letã de 25 anos e 17.ª mundial, antes de eliminar Gauff, por 7-5, 6-3. Ostapenko somou 30 winners e venceu muitos mais pontos forçando a adversária a cometer erros. “Comigo nunca é aborrecido, é por isso que os adeptos gostam”, admitiu antes de explicar outros progressos recentes: “Agora, entro mais no court e bato na bola mais cedo, tirando tempo às minhas adversárias. Trabalhei muito na minha movimentação e na condição física.”

Gauff foi apenas mais uma vítima da perigosa Ostapenko que somou a 18.ª vitória sobre uma top 10 – primeira num Grand Slam desde 2020 e primeira em hardcourts. “Posso jogar bem em todas as superfícies, apenas depende do meu jogo, a minha força mental, o meu foco. Hoje, senti que estava bem dentro do encontro e não a olhar à volta”.

Ostapenko volta aos quartos-de-final de um major, o que não acontecia desde 2018, quando atingiu as meias-finais em Wimbledon. Para repetir esse resultado terá que vencer Rybakina, a quem não cedeu um único set nos dois duelos anteriores.

Sugerir correcção
Comentar