Histórias do Tour: Quase duas décadas sem uma festa

Durante toda a Volta a França, o PÚBLICO traz histórias e curiosidades sobre equipas e ciclistas em prova.

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Em 2021, a Volta a França ia passar por Rochecorbon, uma pequena vila perto de Tours. Um ciclista em concreto estava particularmente ansioso pelo momento: Cyril Lemoine, natural dessa pequena localidade.

Mas o ciclista gaulês foi um dos que caiu logo na primeira etapa e, com feridas profundas, costelas partidas e um pulmão perfurado, nunca teve a oportunidade de correr à frente de casa, com a família e os amigos na berma. Mas este foi apenas mais um momento de penumbra para Lemoine.

Aos 39 anos, este é o segundo ciclista mais velho do Tour 2022 (só superado por Philippe Gilbert) e já leva quase duas décadas de carreira. Mas nem a permanência no ciclismo profissional durante 18 anos lhe deu sucesso. Lemoine tem nada mais, nada menos do que… zero vitórias. Na Volta a França, o melhor que conseguiu foi um terceiro lugar numa etapa em 2009, atrás de Mark Cavendish e Thor Hushovd, e no Tour 2022 ainda não foi além da 54.ª posição - na média das etapas todas, ficou no lugar 111.

Por aqui se percebe que este foi, como outros, um corredor que se especializou em celebrar o sucesso alheio. Lemoine é um ciclista forte nas clássicas do Norte – quanto mais difícil a corrida, com pavé e chuva na equação, mais ele prospera. E mais útil se torna.

Além de liderar o caminho em corridas deste tipo, Lemoine, um confesso fã de carros antigos (passa muito tempo a desmontá-los e montá-los novamente), tornou-se também capitão de equipa nos últimos anos, ora na Cofidis, ora agora na B&B Hotels. A experiência e consistência (apenas um abandono em dez grandes voltas) fazem do corredor francês um exemplo.

A descrição que a equipa faz no seu site é esclarecedora – e poética: “Sob a sua asa protectora, há os que lutam com ele nas corridas da Primavera. Os outros, felizes por se cruzarem no seu caminho, só têm de procurar os seus preciosos conselhos para crescerem nos passos do sábio. No pavé de Roubaix, na preparação de sprints ou na forma como vive o seu trabalho, Lemoine é um profissional entre os profissionais. É por isso que ele se mantém neste nível”.

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