Contra 11 foi mais difícil para o Benfica, mas não muito

Benfica e Belenenses SAD voltaram a encontrar-se depois de um “simulacro de futebol”, em Novembro, e os “encarnados” mostraram que não precisavam daquele triste espectáculo para serem melhores do que os “azuis”. E contra 11 também há Darwin.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

A 27 de Novembro, Belenenses SAD e Benfica protagonizaram um evento desportivo ao qual não se pode chamar bem futebol. Não foram 11 contra 11 e foi meio jogo profundamente triste, com um 7-0 bizarro. Neste sábado, as equipas foram as mesmas, mas já houve futebol e o Benfica bateu a Belenenses SAD por 3-1 – e poderiam ter sido mais.

Contra 11 foi mais difícil, é certo, mas não muito, já que os “encarnados”, com um bom desempenho, mostraram que não precisavam daquele triste espectáculo para serem melhores do que os “azuis”. E Darwin também, já que “repetiu a dose”, com mais três golos à equipa de Franclim Carvalho.

No plano individual, esta partida poderia estar no dicionário do futebol como definição de “Adel Taarabt”: o marroquino foi exactamente aquilo que é e prejudicou a equipa pelo que não sabe fazer e beneficiou-a pelo que sabe.

O que Taarabt tirou, Taarabt deu

Para este jogo, o Benfica trocou de sistema, apostando num 4x3x3, e fez descansar Weigl, Grimaldo, Vertonghen, Gilberto, Rafa e Gonçalo Ramos: mais de metade do “onze” mudado, mas nem por isso metade da competência.

A equipa “encarnada” fez uma primeira parte de bom nível, numa análise global, tendo conseguido muitas situações de finalização. E teriam sido mais do que suficientes não fosse um erro de Taarabt logo aos 3’, com uma perda de bola em zona defensiva que deu a Rafael Camacho a possibilidade de driblar o marroquino e a Afonso Sousa a possibilidade de finalizar na área, entre Lázaro e Morato.

E este golo mostrou dois problemas claros: que Taarabt continua a ser errático quando desafiado a construir em zona defensiva e que Lázaro, como lateral-esquerdo, exibe dificuldades claras em ter noção espacial de controlo da zona interior, sobretudo quando a bola vem do lado oposto.

Pouco importado com o golo sofrido, o Benfica aproveitou a incapacidade da Belenenses SAD de defender o seu lado esquerdo. Tal como Lázaro nos “encarnados”, Calila, nos “azuis”, mostrou dificuldades como lateral-esquerdo, tendo sempre tendência para estar muito “fechado”.

Juntando a isto a parca ajuda de Rafael Camacho, cujo jogo só flui em sentido ofensivo, o Benfica pôde fazer o que quis no seu lado direito, em permanentes situações de dois contra um – não será trivial que a Belenenses SAD seja a equipa da I Liga com maior desequilíbrio na condução de jogo: 45% pela direita e apenas 31% pela esquerda.

Houve jogadas pela esquerda “azul” aos 6’ e aos 8’, ambas mal finalizadas, mas aos 22’ foi diferente. Afonso Sousa “fez de Taarabt” e perdeu a bola em zona defensiva, permitindo ao marroquino assistir Darwin para o 1-1.

E Taarabt é exactamente o que foi neste jogo: em zona defensiva, arrisca e falha onde não pode. Em zona ofensiva, arrisca e acerta onde poucos conseguem, encontrando linhas de passe teoricamente fechadas – como era esta para o uruguaio. Intercalando profundidade – chamando Darwin – com largura – chamando André Almeida ou Everton –, o Benfica foi criando vários lances de finalização.

Darwin decidiu

A Belenenses SAD, quase sempre em 4x5x1 (com Afonso entre linhas) tentou corrigir trocando Camacho para o lado oposto, mas Baraye não foi mais útil a Calila. O Benfica ainda teve bons lances, sempre pela direita, num cruzamento de Almeida (com remate de Darwin, primeiro, e de Everton ao poste, depois) e num de Darwin, que Calila interceptou.

Para a segunda parte a Belenenses SAD trocou Calila por Varela, que o lateral já tinha sofrido o suficiente, e o Benfica não teve problemas em começar a “carregar” em Carraça, mais desgastado.

Foram dois lances de perigo pelo lado esquerdo, com Everton e Darwin, antes do golo do 2-1. Aos 54’, na zona central, Taarabt, de pé esquerdo, encontrou uma linha de passe subtil, mas possível: isolou Darwin e o uruguaio não falhou.

Aos 57’, o Benfica apanhou a Belenenses SAD desposicionada, após um duelo individual perdido, e João Mário lançou Darwin. Resultado: o mesmo das vezes anteriores. Finalização de categoria do uruguaio, que já leva 31 golos em 2021/22.

A partir daqui houve pouco futebol de interesse. O Benfica, com a cabeça no Liverpool, não queria muito mais deste jogo do que esperar pacientemente pelo final. A Belenenses SAD, a perder por 3-1, pouco mais conseguiu fazer para reverter o que se passava do que ter posse de bola em alguns períodos. Foi curto.

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