Linhas vermelhas: mortalidade elevada, mas com tendência estável

A mortalidade específica por covid-19 continua acima do limiar estabelecido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças.

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O número de infecções por SARS-CoV-2 também revela uma tendência decrescente DANIEL ROCHA

Os internamentos em cuidados intensivos registam uma “tendência decrescente”; a mortalidade específica por covid-19 mantém-se elevada, mas apresenta uma tendência estável. A informação consta no relatório semanal de monitorização das “linhas vermelhas” elaborado pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).​

“A 16 de Fevereiro, a mortalidade específica por covid-19 registou um valor de 59,7 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a uma diminuição de 5% relativamente ao último relatório (62,9), indicando uma tendência estável do impacto da pandemia na mortalidade”, lê-se no relatório.

Segundo o documento, este valor — 59,7 óbitos em 14 dias continua a ser significativamente superior ao limiar estabelecido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) de 20 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, uma meta que o Governo definiu para o país passar para um nível sem restrições.

Relativamente à pressão sobre os serviços de saúde, as “linhas vermelhas” indicam que, na quarta-feira, o número de doentes em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) correspondia a 52% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior foi 66%.

“O número de doentes internados em UCI mantém uma tendência decrescente – menos 21% em relação aos sete dias anteriores. A região do Norte é aquela que apresenta maior ocupação em UCI”, avança o relatório.

De acordo com a análise de risco da pandemia, o número de infecções por SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes acumulado nos últimos 14 dias foi de 3.424 casos, também com tendência decrescente a nível nacional e em todas as regiões.

“Há uma tendência decrescente da incidência cumulativa a 14 dias em todos os grupos etários. O grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada é o das crianças e jovens entre os 10 e os 19 anos de idade”, esclarece o relatório.

Segundo o INSA e a DGS, dada a redução da incidência, é expectável que a pressão nos serviços de saúde e que o impacto na mortalidade “venham a decrescer nas próximas semanas, devendo manter-se a vigilância da situação epidemiológica e recomendando-se a manutenção das medidas de protecção individual e a vacinação de reforço”.

Testes positivos diminuem

Quanto à proporção de casos com resultado positivo nos testes realizados nos últimos sete dias, o relatório adianta que foi de 14,5%, valor inferior aos 18,3% da semana anterior, mas que se encontra acima do limiar dos 4%.

Na última semana foram efectuados cerca de 847 mil testes de despiste do SARS-CoV-2, enquanto nos sete dias anteriores tinham sido feitos mais de 1,2 milhões de testes.

As “linhas vermelhas” referem também que a frequência da linhagem BA.1 da Ómicron era de 71% na quinta-feira, com tendência decrescente, uma vez que se regista uma prevalência crescente da linhagem BA.2 da mesma variante, que já está estimada em 29% dos casos de infecção.

Vacina diminui risco de hospitalização

O documento salienta que, com base nos dados de 1 a 30 de Dezembro de 2021, as pessoas com esquema vacinal completo “parecem apresentar um risco de hospitalização aproximadamente duas a sete vezes inferior aos casos não vacinados”.

Relativamente à ocorrência de óbitos por covid-19, tendo em conta o estado vacinal, no mês de Janeiro, “ocorreram 259 óbitos (26%) em pessoas não vacinadas, 27 óbitos (3%) em pessoas com vacinação incompleta, 332 óbitos (33%) em pessoas com esquema vacinal completo contra a covid-19 e 317 (32%) óbitos em pessoas com dose de reforço”, avança o relatório.

“O risco de morte para os casos diagnosticados em Janeiro, medido através da letalidade por estado vacinal, foi duas a seis vezes menor nas pessoas com vacinação completa em relação às pessoas não vacinadas ou com esquema incompleto”, adiantam o INSA e a DGS.

Segundo estas entidades, na população com 80 e mais anos, a dose de reforço reduz o risco de morte por covid-19 quase quatro vezes em relação a quem tem o esquema vacinal completo e em oito vezes em relação aos não vacinados ou com esquema incompleto.

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