Amorim apanhou Marinho. Seguem-se os “Cinco Violinos”

O técnico campeão nacional igualou as 11 vitórias consecutivas de 1990-91. Mais cinco e alcança o recorde absoluto dos “leões”, 16 jogos seguidos a ganhar em 1946-47.

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Marinho Peres esteve no Sporting entre 1990 e 1992 Pedro Cunha (Arquivo)

Que o Sporting está num bom momento, ninguém duvida. Os resultados continuam a aparecer e chega ao final de 2021 com todos os objectivos intactos: em prova nas taças internas, na Liga dos Campeões e em primeiro no campeonato. E nesta quarta-feira, frente ao Portimonense, os “leões” chegaram às 11 vitórias consecutivas na Liga, algo que já não acontecia desde a época 1990-91, época em que, com Marinho Peres, ganharam as 11 primeiras jornadas desse campeonato.

Se vencer o Santa Clara, nos Açores, no primeiro jogo de 2022 (que encerra a primeira volta), este Sporting de Rúben Amorim passará a deter a segunda melhor série vitoriosa de sempre no campeonato (12) dos “leões”, ficando apenas atrás dos 16 triunfos que a equipa de Alvalade conseguiu na época 1946-47, a primeira em que os famosos “Cinco Violinos” jogaram juntos. Fernando Peyroteo, José Travassos, Jesus Correia, Manuel Vasques e Albano Pereira foram os protagonistas desse recorde “leonino”, sendo que o recorde absoluto na primeira divisão portuguesa pertence ao Benfica de 1972-73, com 23 vitórias seguidas, entre a 1.ª e a 23.ª jornadas.

Olhemos então para o Sporting de 1990-91, que foi agora igualado pelo Sporting do presente. José Sousa Cintra era o presidente (fora eleito em 1989), um eterno optimista, sempre com a convicção de que o clube seria campeão – com ele a presidente e, mais tarde, na Comissão de Gestão, nunca foi. Marinho Peres, que tinha brilhado no futebol português no banco do Vitória de Guimarães, foi o treinador escolhido por Cintra para a sua segunda época na presidência, depois de uma primeira em que o lugar foi de Manuel José e Raúl Águas.

A contratação mais sonante foi o brasileiro Careca, o tal que era “meio Eusébio, meio Pelé”, a juntar-se a uma equipa que já tinha Fernando Gomes e Cadete no ataque, mais Litos, Oceano, Xavier, Ivkovic, Luizinho, Douglas, Venâncio, Filipe Ramos e uma série de jovens da formação com muito talento, como Paulo Torres, Peixe, Amaral e Luís Figo (que não jogaria esta época). A meio da temporada, ainda viria um dos melhores jogadores estrangeiros da história do Sporting, Krassimir Balakov.

Empate em Trás-os-Montes

Havia um “onze” base forte. Apesar dos seus 34 anos, Gomes ainda era um goleador temível (marcou 29 naquela que seria a sua última temporada) e tinha em Cadete um bom parceiro. Ivkovic guardava bem as redes, Luizinho e Venâncio formavam uma excelente dupla no eixo defensivo, Oceano e Douglas mandavam no meio-campo e Careca compensava a sua falta de velocidade com técnica e remate.

Ao primeiro jogo da época, 3-0 ao Vitória de Guimarães de Paulo Autuori, antigo adjunto de Marinho. Depois, 2-5 em Penafiel, 5-1 ao Salgueiros, 0-3 no Bessa, 1-0 ao Belenenses, 1-2 na Reboleira com o Estrela, 2-0 ao União da Madeira, 0-2 ao Nacional, 1-0 ao Vitória de Setúbal, 0-1 em Famalicão e 3-0 ao Sp. Braga. Tudo funcionava no Sporting de Marinho. Nestas 11 vitórias seguidas, os “leões” tiveram um registo de 28 golos marcados e apenas quatro sofridos.

À 12.ª jornada, o Sporting tinha uma viagem difícil até Trás-os-Montes, para defrontar o Desportivo de Chaves. Nas cinco deslocações anteriores, os “leões” tinham um registo francamente negativo, dois empates e três derrotas. Marinho não tinha dois dos seus jogadores mais importantes, Ivkovic e Luizinho, e isso contribuiu para o empate (2-2) que acabou com a série vitoriosa dos “leões”. Depois de 11 jornadas só com vitórias, as 11 jornadas seguintes foram um desastre para o Sporting: quatro vitórias, três empates e quatro derrotas, entre elas um 2-0 nas Antas, com o FC Porto, e um 0-2 em Alvalade, com o Benfica.

O Sporting aguentou-se na frente até à 13.ª jornada, ainda partilhou o comando com o FC Porto na 15.ª, mas acabou o campeonato em terceiro, a 13 pontos do campeão Benfica. Para além dessas 11 vitórias consecutivas, teve uma das suas melhores prestações europeias em 1990-91, chegando às meias-finais da Taça UEFA, depois de eliminar o Malines, de Michel Preud’homme, o Timisoara, de Ion Timofte, o Vitesse e o Bolonha. O acesso à final foi cortado pelo Inter Milão, de Trapattoni, assente no seu trio alemão (Brehme, Matthaus e Klinsmann) e no seu guarda-redes Zenga. Depois de um 0-0 em Alvalade, o Inter seguiu para a final com um 2-0 no Giuseppe Meazza.

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