É uma situação em que aquilo que é lógico do ponto de vista ambiental, social e ético colide de frente com a lógica do lucro – e, nas últimas décadas, tem sido esta última a sair por cima. 

A obsolescência programada é um fenómeno bem conhecido, seja de quem lê notícias, ou de quem já tentou o tortuoso caminho de tentar reparar um equipamento electrónico. Caso o leitor se inclua neste grupo, estatisticamente terá desistido, porque a reparação não compensava financeiramente face à compra de um aparelho novo.

Fabricar aparelhos que tendem a durar menos do que poderiam, e dificultar o conserto, é transversal a vários mercados e tem muitas declinações: componentes difíceis de substituir, ausência de manuais, parafusos que exigem chaves especiais, actualizações de software que tornam o hardware semi-obsoleto. A Apple e a Samsung já foram multadas por levarem os utilizadores a instalar actualizações que acabavam por tornar os telemóveis mais lentos.

Num século em que o ambiente e a sustentabilidade são temas dominantes na agenda pública – e com o lixo electrónico a ser um problema crescente –, a Comissão Europeia está a preparar legislação que garanta o direito a reparar aparelhos

 
           
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Segundo estatísticas europeias, 77% dos consumidores preferem reparar a comprar novo. Há empresas que também já perceberam que este é o caminho. É que, pelo menos para alguns segmentos de consumidores, o consumismo está a ficar fora de moda.

Ainda o Facebook É um tema a que é difícil fugir. A empresa está a avançar com o esforço de construção do metaverso: um espaço virtual capaz de juntar pessoas fisicamente distantes, que tem sido motivo de conversa desde que Mark Zuckerberg começou a falar nele em Julho.

Na Europa, a empresa anunciou agora a criação de dez mil empregos, o que é uma demonstração da ambição, mas também uma forma de dar um ângulo positivo a um assunto que, por estes dias, tem uma grande probabilidade de suscitar desconfianças.

A propósito, o P2 deste domingo focou-se no estado do Facebook. Um texto da Karla Pequenino (com uma excelente ilustração do Miguel Feraso Cabral) explica que "depois de anos a pedir desculpas pelos erros, o Facebook e o seu líder, Mark Zuckerberg, tornaram-se no alvo central de políticos e reguladores, apesar de muitos dos problemas serem transversais a outras redes". O Pedro Guerreiro conta a história da CrowdTangle, uma empresa comprada pelo Facebook e que oferece mais um vislumbre do que é a gestão da rede social. Este artigo traça o retrato de Frances Haugen, a ex-funcionária que se transformou em denunciante de más práticas. E, por fim, argumenta-se aqui que a comparação de Zuckerberg com outros empresários da tecnologia é injusta e que as mudanças têm de começar pela cúpula. 

Digno de nota

- John Romero, criador do icónico Doom, esteve em Lisboa. Numa entrevista ao PÚBLICO, falou sobre o impacto das tecnologias de inteligência artificial no futuro dos videojogos.

- A crise dos microchips está a ameaçar o Natal. Pode ouvir mais neste episódio do P24

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